quarta-feira, 7 de outubro de 2015

COPILOTO ADVOGADO





POR GUSTAVO MAGALHÃES

Tem musicas que marcam a nossa vida né? Situações atrelam algumas canções a fatos relevantes, e aí nos seguem por nosso caminho. Falar em caminho, lá estava eu no século passado, de carona com um colega advogado e um primo dele, indo pra uma audiência no extremo sul… uma maratona normal. O colega era o Tolentino, ou conhecido como Boy, e talvez agora como piloto de fuga.  Estrada molhada, pista perigosa, eu no fundo do carro, entre cochilos e sustos, curtindo o som do Chiclete, balançando o corpanzil, no ritmo do axé, da velocidade do carro e dos buracos da estrada… uma festa!.


Mas aquela subida em especial o Boy fez numa velocidade maior, empolgado por certo com o Chicletão, o carro um esportivo, e só foi o tempo de eu perguntar se ele conhecia a estrada (que eu frequentava toda semana), e me segurar no banco, e sentir que o mundo girava, primeiro horizontal, num 360 graus, depois vertical, quando senti a pancada, e ver minha vida passar nas fagulhas dentro do carro emborcado.

Me (re)vi no Pontal, fazendo meu único gol no futebol; pescando na Sapetinga; pensei na família, entre estilhaçar de vidro e som de lata amassada, e parar a movimentação de cabeça pra baixo, preso apenas pelas mãos no banco, porque nessa época não se falava em cinto (sinto até hoje!). Parado, o mundo ao contrário, consigo ver os dois da frente pendurados nos cinto (esses sim usavam), gotinhas de sangue pingando, inertes. Pensei: “lascou, morreu todo mundo!” Mas eu não… e, olhando pra janelinha do carro capotado, calculo como passar com meus cento e parará quilos por ali, porque só via as duas faixas continuas amarelas. “Acorda cambada estamos no meio da pista”, gritei ao som da musica alta e as rodas ainda chiando. Numa agilidade de bailarino espanhol, quebro o vidro com pé, magayvermente ou indianajonesmente, passo por um espaço que até hoje físicos da UESC tentam entender como o fiz, e somente explico pelo medo. Algo parecido com uma folha de papel A4. Saio do carro antes dos amigos que lá permanecem, e eu, sem nenhum arranhão eadrenalizado paro o primeiro carro que passava na rodovia. Pego outra carona, largo os coitados lá e me mando pra audiência em Eunápolis, todo sujo de terra e amarrotado. Entro na sala como se arrombando a porta; a Doutora Simone, juíza do trabalho à época, que já sabia da noticia, tenta me tranquilizar, e me manda voltar pra casa… de ônibus! No caminho, ja mais acalmado, vejo os parceiros de capotada sentados nas ferragens do que foi um carro de rodas pra cima. Ahhhh…. e a musica? “Vumbora ma… vumbora mais eu… vumbora maaaaaa…. vumbora mais euuuuu”. Inesquecível! (gustavodemagalhaes@hotmail.com/whatsapp 07791982959).

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