POR GABRIEL JOSÉ
Estudante de Cinema da UESB
O agendamento da mídia determina as pautas que são noticiadas na imprensa, destacando temas que devem ser discutidos e acompanhados pela opinião pública. Grandes escândalos estão sempre em alta e a imprensa provoca a reação e a curiosidade do leitor, que passa a acompanhar essas histórias diariamente, quase como quem vê uma novela ou um reality show. O público vai formando o seu ponto de vista a partir do que é mostrado e, algumas vezes, tem a consciência de que nem tudo é como realmente foi dito. Em certos casos, a abordagem é superestimada, principalmente pelos veículos sensacionalistas, que fazem de tudo pela audiência, inclusive especular ou mentir demais. Os jornais e emissoras insistem no assunto até que uma nova pauta substitua a anterior e cause o mesmo estardalhaço.
Em 2002, quando Suzane Von Richthofen foi acusada de ter ajudado o namorado a matar os próprios pais, a pauta virou comoção não só pelo absurdo que fere a base familiar, mas por tudo que poderia render na imprensa. O público é curioso e justiceiro. Por muito tempo, só se falou sobre o assunto e até hoje a história é repescada quando convém (como estou fazendo agora). Dito isso, dois pontos antes de falar sobre “Garota Exemplar”: a mídia está interessada em cliques e em espectadores conectados no turbilhão de notícias e os conflitos familiares, políticos e sociais serão sempre um prato cheio para alimentar a imprensa. Resta saber como a recepção da informação pode ou não ter caído no absurdo. Manter a criticidade, mesmo sabendo que tudo é possível, aparenta ser a melhor saída.