POR MARCÍSIO BAHIA
Sentimentos nobres brotam quando reverenciamos o pedaço de chão, onde fincadas estão nossas raízes, florescemos, e os frutos da lida diária ganham cor, sabor e melodia. Em caso particular, versamos sobre Vitória da Conquista, consolidada capital regional, situada no eixo de ligação norte-sul do país, entre o sertão e o litoral, completando nesse domingo, 9 de Novembro, seus altivos 174 anos de emancipação política, com fases de crescimento bastante distintas, mas sempre diante de fervorosa agitação social.
As manchas deixadas pelo desbravamento genocida, o sangue indígena derramado, e na outrora luta letal pelo poder não sobrepõem sua trajetória pujante de crescimento, lutas e glórias. Na Terra que se utilizou rosas para combater fuzis, a palavra comunidade ganhou sentido literal na vida e morte de Edivanda Teixeira, e a filosofia educacional ganhou voz através do Frei Serafim do Amparo, sempre houve um brotar fenomenal de lideranças jovens, pensadores, idealistas, artistas e intelectuais. Da pena e do nanquim, da câmera na mão e de uma ideia na cabeça ou através da lírica poesia malunga de uma viola festeira, nossa gente consegue encantar o mundo, traduzida na genialidade de Camillo, Glauber, Cajaíba, Elomar, e de tantos outros ativistas do pensamento que convivem na Vitória de um universo iluminado, alimentando nosso “Menino da Vida” com o grosso do pirão feito na gamela de Esechias e Jeovah.
Este não é um artigo de um experiente jornalista, mas, sim, uma declaração de amor à cidade que prospera a passos largos, apesar de não estar a contento dos “perfeccionistas falastrões”. Quem ama este solo, enaltece suas virtudes, age para amenizar suas mazelas. Mede sua história, palmo a palmo, como um Ruy Medeiros; colore as matizes do entardecer tal um Silvio Jessé; ou dá ouvido aos acordes dos menestréis que germinam em um terreno fecundo de poesia e inspiração, onde a brisa fria vive perfumada com o cheiro gostoso de um bom café.
São quase três e meia centenas de corações apaixonados, suas histórias de vida, amor e encantamento com a mais europeia das sertanejas, observando o mundo de uma altitude incomum, na amenidade serena de quem convive mais perto de Deus, ou ao menos de Seu Filho, de braços abertos, acolhendo conquistenses natos e forasteiros adotivos de tantos outros cantos, através da arte de Mário Cravo, adornando a Periperi que nos envolve com sua pouca resistência verdejante.
Eis o nosso recontado Tesouro Imenso, em sua placidez primaveril quase bicentenária, como uma mãe generosa que aceita e compartilha nossos sucessos e fracassos; passando com a gente os momentos de festa e alegria, assim como dividindo nossas dores, em sua eterna vigília. Terra da Cultura, da Educação, da Medicina Avançada, do Comércio Forte, além de figurar como centro motriz de uma região marcada pela bravura de sua gente e pelo eterno dom da prosperidade.
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