POR GABRIEL JOSÉ
Estudante de Cinema da UESB
A década de 1950 foi uma das mais conservadoras e censuradas da história do cinema americano, exigindo assim um talento a mais daqueles cineastas que procuravam passar através de suas obras algo além do permitido. Alguns batiam de frente com as produtoras e tinham seus filmes proibidos e retidos; outros concordavam com edições finais rígidas, um processo que geralmente “desfigurava” por completo a ideia inicial do trabalho; e havia também aqueles que adaptavam suas histórias com o objetivo de driblar a censura, que é o caso de Elia Kazan e seu antológico Uma Rua Chamada Pecado (A StreetcarNamedDesire, 1951).
A peça original escrita por Tennessee Williams, Um Bonde Chamado Desejo, foi um sucesso de crítica e público nos palcos da Broadway e o texto foi premiado com o prêmio Pulitzer de Literatura. Kazan já havia dirigido a peça antes, em que descobriu ninguém menos que Marlon Brando, e a ideia de adaptá-la para o cinema veio logo em seguida. O grande desafio era encaixar essa história dentro dos moldes aceitáveis de Hollywood, já que seu tema principal girava em torno das mais diversas facetas do desejo, em especial o feminino. Até o momento, nenhum filme tivera coragem e ousadia de colocar em xeque um assunto tão delicado como a luxúria e as fantasias das mulheres. O mundo ainda era muito baseado em fundamentos machistas, e além de tudo havia no meio da trama um personagem de conotação gay.