quarta-feira, 7 de outubro de 2015

DOCUMENTÁRIO SOBRE O FOTÓGRAFO JCD'ALMEIDA É DESTAQUE NA 3ª NOITE DA MOSTRA CINEMA CONQUISTA



POR MARIANA KAOOS

Gente, para tudo e me explica uma coisa: Que evento mais lindo, cheio de força e significado como a Mostra Cinema Conquista é esse?  Porque parece que é um sonho, mas não é. O Centro de Cultura Camillo de Jesus Lima finalmente está sendo (muito bem) ocupado por um público vasto que compreende as mais diversas faixas etárias, condições sociais, gênero e etnia. A Mostra tem exibido uma gama de curtas e longas de excelentíssima qualidade e proporcionado aos consumidores do evento debates, reflexões, questionamentos acerca do fazer e estudar cinema. E a exposição em homenagem ao ator Paulo Tiago, poxa!, para falar dela chega faltam palavras, não é mesmo? Delicadíssima, de muito bom gosto, cuidadosa para com o seu trabalho, extremamente criativa e requintada. É uma exposição para comer. Comer com os olhos as pinturas de Paulo, comer com os ouvidos seus poemas, suas indagações e, mais ainda, comer com a alma a grandiosidade da sua obra e o grande homem que ele foi. Foi não. Se os seus frutos, cada vez mais, se perpetuam, então que possamos comer com a alma o grande homem que ele ainda é.



Voltando a falar da Mostra, a noite de ontem (06), por exemplo, foi transcendental. No horário das vinte horas, um dos curtas exibidos foi o intitulado J. C. D’Almeida: Uma Foto-síntese, dirigido pelo cineasta e professor do curso de Cinema e Audiovisual da Uesb, Rogério Luiz. J. C. é uma figura ímpar em Vitória da Conquista. Fotógrafo e livre pensador, ele é um dos nomes que fazem história dentro do nosso cenário cultural, movimentando-o com suas fotografias e ideias. Rogério, por sua vez, foi muito feliz e sensível ao pensar na importância de J. C. e na proposta de fazer um curta documentário acerca de sua vida. O resultado não poderia ser outro: o filme é belíssimo, engraçado e profundo. Filmado em preto e branco, ele tem como locação o sertão do sudoeste baiano e alguns pontos da França. Ontem, quando o filme foi exibido, tornou-se possível observar na expressão da plateia uma sensação de reconhecimento. Reconhecimento em Rogério, em J.C., no cenário, na expressão da fala, nos eventos pontuados no documentário. A Mostra acertou em cheio em abrir espaço de exibição para as produções locais que geram impacto e orgulho para os que são daqui e querem se ver retratados na telona do cinema.


Então parabéns! Ainda tem Mostra até sexta-feira (09), mas desde já é imprescindível que Vitória da Conquista e, principalmente, os consumidores de cultura, parabenizem e, mais ainda, agradeçam a Esmon Primo e toda a equipe de produção que tem realizado um evento rico em essência e ideal como se mostra a Mostra desse ano. Parabéns e obrigado a Vinicius Gil e Luiza Audaz, que, com muito amor e determinação montaram a exposição em homenagem a Paulo Tiago. Parabéns e obrigado a você, que é plateia, e anda ocupando com afinco o Centro de Cultura todos esses dias. Falador passa mal e, para todos eles que teimavam em dizer que a Mostra estava morrendo com o passar dos anos, tomo emprestado e ressignifico uma frase, de uma canção de Caetano Veloso, para falar que na verdade a Mostra “agora está mais viva do que quando começou!”.

Talvez, muito talvez, toda essa movimentação seja um indício de que as pessoas realmente estavam com saudade e querem consumir, engolir, digerir, botar pra dentro e gozar todas as formas de produtos culturais que cheguem até a elas com qualidade e respeito. Então mando aqui um alô para o poder público municipal, para os deputados estaduais e federais que representam a região sudoeste. Mando um alô para empresários locais, para os donos de casas de evento, produtores culturais, livres pensadores, formadores de opinião. Mando um alô a todos eles para dizer que estamos aqui, acenando de maneira intensa a fim de lembrar-lhes que a cultura em Vitória da Conquista não pode mais ser relegada a segundo plano. Queremos mais eventos, mais espaços, mais opções, mais oportunidades. Queremos ver, ouvir, sentir, tocar. E, como é possível observar todos os dias na Mostra Cinema, estamos dispostos a ocupar de maneira febril e veemente tudo o que nos for oferecido. Ação!


Fotos: Maieeh Souza

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