sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

FILMES INESQUECÍVEIS: A LISTA DE SCHINDLER




POR GABRIEL JOSÉ
Estudante de Cinema da UESB

Um Filme obrigatório. Veja e vai entender  o que estou  falando . A guerra já foi tema de inúmeros filmes, assim como o Holocausto já foi exaustivamente representado. Junto com O Pianista, de Polanski, A Lista de Schindler é um dos filmes mais importantes não só sobre o tema, mas também da história. Com ele, Spielberg finalmente conseguiu sua consagração na Academia, depois de bater na trave com Tubarão e E.T. (que perderam, respectivamente, para Um Estranho no Ninho e Gandhi), com sete importantes estatuetas, incluindo a de melhor filme e diretor. O fato é que O Pianista e A Lista de Schindler se completam, pois tratam do mesmo tema, da mesma época, mas de uma forma completamente diferente. Enquanto Polanski deixa o seu filme o mais frio possível (acreditem, isso é uma virtude em se tratando deste filme), Spielberg se utiliza de seu já característico sentimentalismo para causar a mesma impressão: o choque com as atrocidades dos nazistas sobre os passivos judeus.


A história (real) ronda em torno do alemão Oskar Schindler, que viu na mão-de-obra judia uma solução barata e viável para lucrar com negócios durante a guerra. Com sua forte influência dentro do partido nazista, foi fácil conseguir as autorizações e abrir uma fábrica. O que poderia parecer uma atitude de um homem não muito bondoso transformou-se em um dos maiores casos de amor à vida da história, quando este alemão abdicou de toda sua fortuna para salvar a vida de mais de mil judeus, em plena luta contra o extermínio deles. Schindler não media esforços para proteger seus empregados e outros judeus, desde pagar grandes quantias por seu trabalho até não deixar com que sequer uma munição produzida por sua fábrica funcionasse da maneira correta, com uma mão-de-obra claramente não qualificada para o serviço. Não era isso que lhe interessava. Era a sua forma de lidar com toda a atrocidade que acontecia ao seu redor. Foi então que ele decidiu fazer a famosa lista e retirar o máximo de pessoas do gueto para a Tchecoslováquia.

O que assusta na história de A Lista de Schindler é saber que ela aconteceu de verdade. Não digo no sentido de metáforas, situações criadas a partir de lendas e histórias, e sim que tudo aquilo foi realmente verdadeiro, relatado pelos sobreviventes e transformado em filme pelas mãos do roteirista Steven Zaillian, que se baseou no best seller de Thomas Keneally. Se você está vendo uma das personagens sendo maltratada mesmo tentando fazer o seu melhor, aquela mulher realmente existiu e está no filme. Quando você vê o cruel Amon Goeth pegando o seu rifle e atirando em judeus simplesmente pelo prazer da ação, tudo é agravado ao pensar que ele realmente fez isso: saía em seu cavalo andando pelo meio dos judeus só para fazer sua chacina diária. Não são situações criadas para ilustrar o terror da época, e sim recriações do que alguns sobreviventes contam, do que viram ou viveram na época. Isso é o mais assustador!Em A Lista de Schindler existem cenas maravilhosas, chocantes, emocionantes, tudo. É um filme completo nesse sentido.


A falta de cor está diretamente relacionada ao fato de todas as lembranças que Spielberg tem da época serem preto-e-brancas, por causa dos documentários que assistia. Sua intenção foi aproximar ao máximo o filme da realidade, trazendo-o ao mesmo patamar dos documentários de época sobre o tema. O recurso de filmar com câmera na mão também foi bastante utilizado, para reforçar este ar documental que o filme buscou, e o contraste de luz fez com que o fotgógrafo Janusz Kaminski utilizasse tudo o que sabia para brincar com o brilho e a sombra durante as cenas – simplesmente um dos setores mais importantes de todo o filme.

O filme havia sido oferecido a ninguém menos que Martin Scorsese, que preferiu deixar o projeto para um judeu de verdade. Ele sabia que isso afetaria diretamente no amor pelo qual o filme seria realizado, e Spielberg veio a ser a pessoa perfeita para o trabalho. O projeto chegou a ele logo após a finalização de E.T., mas só fora produzido dez anos depois, ou por diferenças em agendas, ou por um ajuste ou outro no projeto que sempre o atrasava. Vendo com bons olhos, seria até incorreto chamar de atraso. É melhor considerarmos esse tempo como uma preparação natural para o filme, onde todos os envolvidos amadureceram, perceberam a importância do que tinham em mãos e tudo o que poderia sair errado fora consertado para que um filme praticamente perfeito fosse lançado.

O elenco é uma peça chave para que tudo funcione. Ralph Fiennes encarnou Amon Goeth de forma assustadora. É impressionante o modo como ele tratava os judeus, atirando em suas cabeças, por exemplo, se eles parassem um segundo seu trabalho para respirar. Somado o forte personagem ao excepcional ator que Fiennes é, o nível de realismo chega a assustar. Ben Kingsley faz o judeu Itzhak Stern, o braço direito e contador de Shindler, e Liam Neeson teve o importante cargo de representar Oskar Schindler de maneira bastante fiel. Até os traços são parecidos, mas as expressões que Liam deu ao personagem transmitiram sua importância. O final, quando Schindler vê quantas pessoas salvou e pensa que poderia ter salvo ainda mais, é um show de interpretação, emocionante. Ele deu a expressão forte e segura que Schindler exigia naquela situação.

A Lista de Schindler é um filme definitivo sobre o Holocausto. Um trabalho como esse não altera o passado, mas com certeza pretende impedir que as atrocidades se repitam em um futuro qualquer. O filme é uma combinação de boas interpretações, uma produção invejável e uma história baseada em relatos individuais reais que assustam ao mostrar do que o ser humano é capaz de fazer.

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