sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

EFFECTUACTION, EMPREENDORISMO E COMUNICAÇÃO



POR ÉVILA CARRERA

Você já ouviu falar em Effectuation? Foi uma teoria a que tive acesso em meu Mestrado de Administração Estratégica de Negócio na Argentina. Eu vou ser bem sincera... tanto no Direito, quanto na Administração, existem teorias que não nos dizem muita coisa, mas essa teoria da Effectuation, desenvolvida pela indiana  Sarasvathy pareceu a mim bem condizente com a nossa realidade prática de empreendedorismo.


A teoria Effectuation propõe uma mudança paradigmática nos estudos sobre empreendedorismo. Os  estudos tradicionais elegiam como base teórica o modelo racional de decisão, baseado na economia neo-clássica. Já a teoria Effectuation inverte o modelo racional de decisão ao modificar e apresentar outro direcionamento em relação aos princípios fundamentais, de espaço, solução e lógica do processo tradicional de empreender que sempre seguiu um modelo causal. Sarasvathy propõe uma alternativa filosófica na qual a ação do ser humano transforma a realidade em novas possibilidades

O modelo tradicional de empreendedorismo ensinado nas universidades e até em MBA tradicionais como o da FGV, o qual já fiz, propõe que o empreendedor faça um plano de negócios, estude cenário, analise planilhas de custos, taxa de retorno, ponto de equilíbrio e outras tantas variáveis que envolvem o ato de empreender. Ocorre que esse plano não garante êxito. Quando o empreendedor entra em campo, ele se depara com outros desafios que, mesmo que previstos, na prática não são tão fáceis de resolver.

Sarasvathy, então, passou a estudar e analisar o comportamento dos empreendedores e detectou uma característica comum a grande maioria deles. Normalmente aquele que tem o ânimo de empreender, analisa dentro de si quem ele é, o que gosta de fazer, o que ele sabe fazer, o que ele tem interesse de estudar e de se aprofundar para, depois, especular o que ele pode fazer para unir o útil ao agradável, ou seja, o que ele sabe fazer com o que lhe dê retorno financeiro.

A lógica é a seguinte: João adora cozinhar. Todos elogiam os pratos que João elabora, e os seus amigos começam a sugerir a João que ele monte um restaurante. João tem uma grande rede de relacionamento. Sabe como fazer e tem prazer em fazê-lo. João começa a observar qual dor ou problema ele pode solucionar unindo a sua habilidade à vontade de ganhar dinheiro. Nesse momento , ele se pergunta: por que não investir nisso e montar um empreendimento?

Nesse sentido, a professora indiana defende que o processo empreendedor segue um percurso criativo e, não somente, de descoberta e alocação de recursos. Após passar por essa fase, é natural que o empreendedor se pergunte: quem eu conheço que possa ajudar a concretizar essa minha ideia? Das competências de que preciso ter para desenvolver esse negócio, quem, da minha rede de relacionamento, detém esses saberes? Quem toparia investir nesse empreendimento?

É nessa fase que a COMUNICAÇÃO entre em jogo. Segundo o economista e cientista político austríaco Schumpeter, empreendedor é aquele que tem habilidade de ver novas combinações, convencer outros a investirem no negócio e agir de acordo com um ponto de vista ao invés de ficar preso a cálculos racionais. O empreendedor, após acessar o meio pelo qual eles vão empreender, começam a buscar pessoas com o intuito de obter recursos para dar seguimento à escolha.

A competência da comunicação passa a ser crucial em todo o processo. Na construção do negócio, você deve construir um discurso persuasivo capaz de atrair pessoas igualmente interessadas para aderir ao projeto. Nessa fase, surgem as sociedades, as alianças, as parcerias. Depois que o negócio está montado e rodando, a comunicação se faz necessária para agregar as pessoas. Como advogada de empresas, já vi muitos negócios serem destruídos por falta de capacidade de comunicação do setor estratégico da empresa.

Uns querendo ter mais poder que outros. Uns querendo impor a sua vontade sem se preocupar se isso, de fato, traria benefícios para o maior número de envolvidos ou, até mesmo, para o próprio negócio. Em contrapartida, alguns revestidos de passividade, não opinando e aceitando tudo calado, ainda que vislumbrando que o empreendimento está tomando rumos bem diferentes do projetado.

E não para por aí. Ainda há o desafio de se comunicar com os colaboradores, a equipe técnica e com os demais stakeholders. Falta clareza, objetividade, precisão, profissionalismo, empatia e tantos outros atributos que, infelizmente, a formação tradicional simplesmente ignora. É muito empreendedor com um discurso arrogante que não agrega. E se uma equipe ou uma sociedade está desagregada, certamente o desfecho desse sonho, pode se converter em terrível pesadelo.

E a importância da comunicação continua, quando o relacionamento transcende a clientela interna e vai para os consumidores, ou seja, os clientes externos. Infelizmente, na minha condição de advogada, já vi demandas judiciais surgirem não pelo fato de o produto ter algum problema, mas pela prestação do serviço na entrega desse produto. Ou processos indenizatórios nascerem, porque os atendentes não passaram corretamente as informações, gerando uma promessa (oferta) que não tinha condição de ser cumprida. Ou, simplesmente, pessoas falarem mal (até mesmo na redes sociais), pela forma como a empresa (e as pessoas que fazem parte dela) se comunicaram diante de uma reclamação ou diante de um problema.

Estimado Empreendedor, a comunicação deve ser uma competência a ser desenvolvida no antes e no transcurso do ato de empreender. Ainda que lhe falte os saberes técnicos, as teorias de empreendedorismo e as ferramentas de plano de negócio, não permita faltar a COMUNICAÇÃO. Ela será essencial em todo o processo.

Quem investe em COMUNICAÇÃO, investe em RELACIONAMENTO. O empreendedor deve ser, antes de tudo, um bom comunicador, pois ele precisará comunicar os atributos e diferenciais de seu negócio, agregar o seu time para mantê-lo motivado e unido e se relacionar com os seus clientes, levando sentido para que eles façam adesão ao  empreendimento e se tornem um multiplicador espontâneo de seu negócio.

Venho desenvolvendo um trabalho junto a empreendedores e profissionais liberais das mais diversos segmentos exatamente no área de COMUNICAÇÃO, seja através de cursos, ou por meio de mentoria. Pelos resultados que vejo surgir diante de meus olhos e na vida de meus alunos e mentorados, posso garantir que é algo transformador. E esse saber impacta não apenas nos negócios e na carreira deles. É mudança em todos os seguimentos da vida. Afinal, o que seria de todos nós se não fosse a beleza e o encanto de nossos relacionamentos. São as pessoas que integram a nossa vida que trazem mais sentido a ela. Logo, nós e as pessoas que nos cercam merecem o melhor de nós, por isso devemos investir em nossa comunicação para que ela nos auxilie a construir melhores relacionamentos.

Se quiser ter mais informações e saber qual caminho percorrer para isso, sugiro que me siga nas redes sociais e acompanhe o conteúdo que costumo compartilhar.

Aguardo, você, nobre empreendedor, por lá!!!! @evilacarrerapalestrante

Évila Carrera é advogada, professora, escritora, palestrante e especialista em Comunicação e Oratória.

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