POR CARLA SANTANA CUNHA
As varizes são veias dilatadas, tortuosas e alongadas e não consistem apenas em um problema estético, caracterizando-se como uma doença crônica que piora progressivamente. As varizes atingem 40% da população mundial. “Se considerarmos também as microvarizes, aquelas com calibre inferior a 3 mm, a prevalência mundial se eleva para até 80%”, destaca o angiologista da Clínica ADS, Fábio Reis Motta Maia.
Segundo o médico, se não forem tratadas, as varizes podem causar diversas complicações, como úlceras venosas e insuficiência venosa crônica, “as quais geram a incapacidade do sistema venoso do membro inferior em bombear o sangue de volta para o coração”, explica.
As varizes ocorrem predominantemente no sexo feminino e têm seu risco aumentado quanto maiores a idade e o número de gestações. Obesidade e histórico familiar também influenciam. Além disso, “o problema pode surgir secundariamente após eventos trombóticos ou traumáticos”, destaca.
As veias possuem válvulas que impedem o refluxo sanguíneo, garantindo que o sangue venoso circule sempre em direção ao coração. Quando estas válvulas não funcionam adequadamente, o sangue retorna e pode se acumular nas veias das pernas, dilatando-as e provocando sintomas que podem se tornar incapacitantes.
Os sintomas mais comuns das varizes são dores ou sensação de cansaço, peso ou latejamento nas pernas, edema (inchaço), formigamento e/ou queimação nas pernas, sobretudo no final do dia. A pedagoga Vera Lúcia Souza conhece bem esses sintomas. “Comecei a ter varizes depois das minhas três gestações. Fiz uma cirurgia que resolveu o problema em parte, mas estou me preparando para fazer outra operação, que deve resolver o que ainda me incomoda”, relata.
Para amenizar as dores e as câimbras – outro sintoma comum – a pedagoga faz uso de medicação e de meias elásticas. “A meia elástica de compressão graduada atua facilitando o retorno venoso e melhorando a estagnação do sangue no membro inferior, promovendo o alívio da dor e/ou do edema (inchaço), além de auxiliar na prevenção de eventos trombóticos (formação de coágulos)”, explica Fábio Maia.
Prevenção – Fazer caminhadas leves e evitar ficar muito tempo sentado ou em pé ajuda a prevenir o aparecimento ou aumento das varizes. Além disso, elevar as pernas três a quatro vezes por dia, por 10 minutos, e fazer exercícios flexionando e estendendo os pés algumas vezes por dia podem ajudar. Mas, importante mesmo é passar pela avaliação de um especialista.
“As varizes são diagnosticadas pelo angiologista ou cirurgião vascular através de cuidadosa inspeção e palpação das pernas. Caso necessário, o médico pode solicitar um Ultrassom com Doppler, exame que identifica a presença ou não de segmentos com insuficiência ou obstrução venosas”, destaca o angiologista da Clínica ADS.
Somente um médico pode indicar o tratamento adequado, pois cada caso possui suas peculiaridades. Quando há indicação de remover as varizes, o cirurgião vascular pode optar por alguns procedimentos. A escleroterapia química, que consiste em injetar substâncias esclerosantes (irritantes) ao endotélio venoso (parede da veia) e o laser transdérmico, aplicado sobre a pele e provocando a oclusão venosa, são procedimentos realizados nas varizes de pequeno calibre, no próprio consultório.
Já para tratar as varizes de maior calibre, o paciente poderá ser submetido à cirurgia convencional, onde são realizadas (micro) incisões com a retirada das varizes, ou por uma técnica endovascular – termoablação endovenosa com laser ou radiofrequência – através da qual a parede da veia é destruída por meio de um cateter, fechando-a. Cada procedimento tem suas indicações específicas e contraindicações, às quais só um angiologista/cirurgião vascular poderá identificar com segurança”, reitera Fábio Maia. O procedimento cirúrgico é rápido, o tempo de hospitalização é curto e a recuperação em casa costuma durar até duas semanas.
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