Com casa lotada, mais de 20 artistas de diversas linguagens se apresentaram celebrando um ano do projeto
POR ANA PAULA MARQUES
O Sarau & Palco Hotel Mambembe comemorou ontem (28) um ano de atividades. O público lotou o Teatro Carlos Jehovah para conferir as apresentações dos mais de 20 artistas que passaram pelo palco aberto, com música e poesia. O evento também contou com feira de artesanato, exposição de fotografia e gastronomia.
O projeto surgiu da necessidade de um evento cultural que contemplasse não só a música, como também outras linguagens. “Havia uma necessidade muito grande em abrir um espaço onde todos os artistas pudessem se comunicar e escutar um ao outro”, conta Euri Meira, um dos idealizadores. O cantor e compositor, natural de Vitória da Conquista, passou mais de 14 anos radicado nos Estados Unidos e teve a oportunidade de realizar eventos parecidos no país. “Eu já havia feito algo parecido em outras cidades onde morei. Era um evento semanal, que acontecia toda segunda-feira”, conta.
Sempre com casa cheia, o Sarau se tornou um importante espaço de incentivo à cultura pelo seu formato democrático e uma das principais iniciativas culturais da região. “O projeto começou com uma ideia pequena, mas se tornou grandioso, principalmente para os artistas que precisam de espaço. Nós conseguimos unir todos os segmentos da cultura e ficamos muito felizes de estar completando um ano”, comemora o músico.
Após dez edições, já passaram pelo palco do Sarau Hotel Mambembe quase 300 artistas. “A cada mês, nós temos a grata surpresa de conhecer um novo nome. Acho que essa é a marca do Sarau, de ter sempre novos artistas, mas também reverenciando quem prestigia o evento há algum tempo”, reforça.
Para a artista plástica Ully Flôres, que participa recitando poesias autorais, o espaço possibilitou descobertas. “Escrever nunca foi uma coisa que eu levei a sério na minha vida, porque eu sou artista plástica e pra mim o que eu sabia fazer era pintar. Eu vim no primeiro Sarau e o microfone era meio que aberto e aí eu fiquei com vontade de recitar alguma coisa, porque eu escrevia de brincadeira. E eu me apaixonei completamente por recitar e isso me fez levar essa coisa de escrever muito mais a sério”, conta a artista plástica. “O sarau me deu vontade de recitar em outros lugares e eu tenho o projeto como meu xodó. A gente tá muito acostumado em ir eventos em que as pessoas geralmente estão bebendo, conversando e não estão prestando atenção. Aqui não, é outro clima, é a luz, o microfone e as pessoas te escutando”.
Para o cantor, compositor e poeta Rodrigo Pinheiro, o sarau representa renovação. “Hoje, por exemplo, se apresentaram poucas pessoas que já haviam passado pelo palco em outras edições, e isso mostra uma renovação a cada edição. Além de enaltecer essa coisa, engradece também no sentido de que nunca vai morrer, pois sempre haverá alguém que vai chegar ao espaço pra mostrar seu dom e isso é fantástico”, afirmou.
Hélder Silva, que já apreciou várias edições, afirma que o evento dá uma importante contribuição para a cidade. “A importância é realmente as pessoas se manifestarem artisticamente, principalmente. Você reunir pessoas, artistas, em um local que eles possam se apresentar e possibilitar essa troca de experiências e inspirações é uma coisa maravilhosa”, disse. É um clima de liberdade, do pessoal se curtir, se aplaudir e respeitar quem tá começando. Alguns preconceitos que eu tinha com certos tipos de arte estão se dissolvendo completamente, então só tem a acrescentar e eu só tenho a desejar vida longa ao sarau”.
O Sarau & Palco Aberto ocorre mensalmente e é realizado pelo Hotel Mambembe Music & Arts e Coletivo Suíça Bahiana.
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