quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

OPINIÃO: NÃO SOMOS O UMBIGO DO MUNDO



POR MONALISA BARROS*

Dia: 19 de fevereiro de 2016
Local: Mesa do Café Tarnstua, no Vinterpark em Oslo, Noruega.

Eu estava só a mesa. Júlia, 22 anos, minha filha, orientava e filmava o irmão Pedro, 12 anos, a esquiar. Chegou um senhor de uns 70 anos e solicitou permissão par assentar-se a mesa do outro lado, com um casal da Hungria. Assenti, pois o café estava cheio e é praxe conceder os lugares não ocupados de uma mesa a quem chega precisando se sentar. O senhor então puxa conversa. Me pergunta de onde eu sou, digo que sou do Brasil. Ele então começa uma conversa, apresenta seus companheiros, um casal bem mais jovem da Hungria. Cumprimento-os e digo a nossa presidenta é descente de Húngaros. O senhor prontamente fez uma exclamação: a Dilma Roussef? Sim, falei. Me surpreendi que ele, um norueguês, soubesse o nome da nossa presidenta. Exclamei: Você sabe o nome da nossa presidenta! Ele respondeu: Uma das mulheres mais poderosas do mundo, não viu na Forbes!!! Daí o casal de Húngaros disse: Nós, da Hungria temos ao fama de exportar bons presidentes! E citou outros presidentes que possuem ascendência Húngara. Me surpreendi pela avaliação da presidenta.
E perguntei por que eles achavam que tínhamos uma boa presidenta. Me surpreendi ainda mais com as respostas. Ambos, o norueguês e o Húngaro perguntaram: Não é verdade que a Dilma tem permitido as investigações contra a corrupção? Eu falei, sim! Então a mulher falou: Não é verdade que houve um aumento grande no número maior de negros nas universidades do que em toda a história passada? Eu falei, sim! Então continuaram: Não é verdade que vocês conseguiram atingir a maioria das metas do milênio com a redução da mortatilidade infantil, da fome e que possuem um excelente serviço de assistência à Aids? Eu falei, Sim! E que vocês tiveram uma redução do número de miseráveis? Eu falei, sim! E que vocês agora tem pessoas que nunca andaram de avião superlotando os aeroportos? Eu falei, Sim! E que há incentivo para a troca internacional mandando jovens a todos os países. Eu me lembrei do Ciência sem Fronteiras e falei, Sim! Mas ai eu falei, mas também estamos vivendo uma crise muito forte em nossa economia. O Norueguês falou: Claro, nós também somos produtores de petróleo e o barril saiu de mais de cem dólares, para menos de 35, qualquer país que tenha apostado no petróleo agora está se ressentindo deste preço baixo. E depois a crise internacional nos atingiu antes que a vocês emergentes. Veja a China, agora que está sentindo a crise, nós levamos quase sete anos para sair dela. Começamos em 2008 e agora que estamos retomando a vida. Ai eu tentei falar que o nosso problema também era a corrupção na Petrobrás. Ele me mostraram que todos os países que produzem petróleo estão enfrentando os mesmos problemas e que o preço terá que se recuperar e ai voltaremos a crescer. Tentei falar dos partidos dos trabalhadores, das resistências ao projeto de apoio ás políticas sociais, das panelas… Nada fazia repercussão… Eles me respondiam com uma visão tão mais ampliada das análises internacionais que naquele momento eu gostei de estar fora do Brasil, fora dos assédio pernicioso da mídia brasileira que faz parecer que nossos problemas são somente internos, que estão descolados do resto do mundo. Nós não somos o umbigo do mundo. Não somos descolados dele. Fazemos parte de um mesmo planeta. Um tsumani no Japão tem interferência em nossa plantação de feijão!!! É preciso olhar mais amplamente para as coisas!! Como é bom estar longe das publicações que pregam o quanto pior melhor! As crianças chegaram e começamos a falar da neve. De como no Brasil não a temos… Daí pedimos um chocolate quente e eles se foram… fiquei com uma sensação de que…..

PS: Uso presidenta por que sou mulher e na posição dela também exigiria um tratamento adequado ao meu gênero. E já está provado que não é nenhum assassinato da língua portuguesa!

*Monalisa Barros é Psicóloga, mestre em pesquisa aplicada á população pela Universidade de Exeter, Inglaterra, Doutora em psicologia pela UFF, Niterói, RJ e atualmente em pós doc no grupo de pesquisa Maternity Care, pela Trinity College Dublin, Irlanda. Professora de saúde coletiva do curso de medicina da UESB de Vitória da Conquista. Membro do grupo de Cirandeiras de apoio ao parto humanizado. 

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