sexta-feira, 6 de novembro de 2015

DE ONDE NASCE UM CAMPEÃO?



POR PAULA VARLANES BRITO MORAIS
Fonte: Blog do Anderson

“Quem não assume o risco, nunca ganhará uma partida” com essa frase destacamos a proeza de nosso atual Campeão Baiano Absoluto de Xadrez. O Xadrez de Vitória da Conquista comemora, ou melhor, todo o interior do estado celebra a grande conquista de Rêmulo Aguiar Freitas que após muitos anos de dedicação e de prática enxadrística alcançou o feito de se sagrar Campeão Baiano Absoluto de Xadrez.

Um jovem sonhador e promissor, que, aos oito anos de idade, conheceu o Xadrez como ferramenta de aprendizagem na Escola Municipal Iara Cairo no Projeto Xadrez nas Escolas, implantado em parceria pelo Clube Conquistense de Xadrez-CCX, a Prefeitura Municipal de Vitória da Conquista e a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-UESB. Inicialmente esse projeto trazia como objetivo o sonho de oportunizar a popularização do xadrez no município como ferramenta pedagógica, fomentando o entretenimento, o lazer por meio do Xadrez e por último, mas, não menos importante, a descoberta de novos talentos. Essa conquista de hoje nos remete a perguntas cruciais: – Em quantos anos e com quais investimentos é possível formar um Campeão de Xadrez? 

Após dezessete anos, desde o primeiro contato de Rêmulo com o Xadrez, após vivenciarmos a desconstrução de um Projeto de Xadrez Escolar, reconhecido nacionalmente, devido à falta de vontade política que não permitiu a continuação do mesmo nos moldes em que foi proposto em sua implantação. E hoje, laureamos indiretamente esse projeto, que colhe, junto com esse jovem enxadrista, o fruto do seu sonho, que foi pacientemente cultivado, que mesmo diante da falta de apoio, de incentivo, de políticas públicas e das dificuldades financeiras, que rompeu as barreiras e se fez Campeão.

Faz-se necessário pontuarmos o início dessa trajetória, hoje vitoriosa. O contato inicial com o Xadrez foi com a Professora Miriam Gusmão e o seu irmão Alan Aguiar Freitas que havia aprendido jogar anteriormente na escola. O xadrez sempre envolveu toda a família, os irmãos competiam entre si. O xadrez passou ser a diversão também entre os amigos e vizinhos. Um ensinando para o outro, na rua fazia um tapete de tabuleiros, essa era realidade constante no alto do Bairro Guarani, fazendo parte da cultura local, como ele conta nas saudosas lembranças.

Esse encantamento inicial foi primordial para que os estudos e a prática enxadrística pudesse ultrapassar o caráter recreativo e educacional, passando para o desejo de despontar e alçar voos importantes no cenário estadual e nacional, participando ao longo dos anos de muitas competições importantes.
O atual Campeão Baiano Absoluto conheceu o Xadrez em 1998, um ano após a conquista inédita de Pedro Ferreira, um representante do interior que vencia a competição pela primeira vez. Agora, pela segunda vez, Vitória da Conquista marca a história e garante esse título para o interior do estado. Nesse momento nos questionamos: se incentivar o xadrez, se promover a sua divulgação, se a capacitação dos professores e todos os esforços empreendidos por idealizadores sedentos de promover a transformação social por meio do Xadrez… Tudo isso foi em vão?

Acredito que esse título responde as nossas inquietações e nos coloca novamente no centro do tabuleiro. Agora podemos mostrar que bons projetos não tem prazo de validade. Podemos ver quem realmente merece esse título. As peças que dominam esse jogo pertencem a ele, o jovem que mesmo diante das dificuldades, se fez participante e ativo, investiu os seus recursos, seu tempo e sua juventude na conquista desse objetivo. Ele merece todas as congratulações. A nós, meros expectadores, questionarmo-nos: – Onde estão as crianças promissoras no Xadrez de Vitória da Conquista? – O que tem sido feito, de fato, pelos enxadristas jovens de nossa cidade? – É possível melhorar o nosso panorama municipal e trazer o Xadrez de volta para as competições nacionais?

Agora as palavras do Campeão:

“Rendo homenagem a Deus pela força, a coragem e a fé que nunca me fizeram desistir do meu objetivo; aos incentivadores principais que são meus familiares que sempre me apoiaram, inclusive, nas minhas ausências em momentos importantes, para que eu pudesse me dedicar livremente ao Xadrez; aos criadores do Projeto Xadrez Escolar, na pessoa de Michel Bernard que sempre estimulou o Xadrez Pensado como forma de melhorar a condição e o nível de jogo dos atletas conquistenses; aos professores que se identificavam com o projeto, na pessoa de Miriam Gusmão, primeira professora de Xadrez; aos amigos enxadristas e adversários de tabuleiro com os quais se aprende, principalmente, nas amargas derrotas. Agradeço aos meus apoiadores Nagib Barroso, da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, que prontamente conseguiu as passagens, Paulo Fernandes proprietário do Hotel Central, a Federação Baiana de Xadrez, a Orlando Damasceno um amigo e incentivador que sempre acreditou no meu potencial e a Paula Varlanes amiga e incentivadora que se fez presente nesse momento importante, me apoiando de forma especial.”

O Atleta encerra o ano com o mais desejado título do estado para os enxadristas do estado. Alegramo-nos com a sua conquista e almejamos ver o Xadrez Conquistense sempre em destaque e que essa vitória possa trazer o respeito e o brilho que o Xadrez de nossa cidade merece e que possamos em breves dias, ou mesmo em anos ver outros jovens despontarem e seguirem os seus passos.

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