quinta-feira, 24 de setembro de 2015

SE VOCÊ SENTIR SAUDADE, POR FAVOR, NÃO DÊ NA VISTA: CHICO BUARQUE E O FIM DE RELACIOMAMENTO




POR MARIANA KAOOS

Aí você inicia sua vida amorosa logo cedo e traz nas costas uma serie de investidas, paqueradas e términos de relacionamentos desastrosos. E, depois de anos e anos na labuta de encontrar o grande amor, você finalmente percebe que em absolutamente todos os seus envolvimentos o ciúmes, a possessão e o controle estiveram presentes. Sabe o que é isso? Amar com o ego. E sabe o que ele faz? Dá dor de cotovelo, vontade de morder a testa e muito recalque! É preciso aprender a amar com o amor e deixar a vaidade do ego pra lá. E como o processo é doloroso, a gente ensina aqui como passar por isso em grande estilo. Chega mais:

Dizem que o término de um relacionamento é quase que um luto. E, como todo luto, ele tem cinco estágios que você vai passar, sofrer e (acredite!) superar. E já que é pra chorar e se conhecer ainda mais, nada melhor do que Chico Buarque como trilha sonora para cada fase.


 Negação: Romperam há uma semana, mas você ainda não acredita? Fica aquela sensação de que a qualquer momento o namorico vai voltar? Esses dias não passam de um grande pesadelo? Então, essa é a primeira fase do luto, aquela em que você ainda não acredita (ou não quer acreditar) no ocorrido. E se é para negar, que a gente negue no glamour. A trilha sonora do momento é a música Abandono, onde o lindo do Chico entoa os seguintes versos: “O que será ser só quando outro dia amanhecer, será recomeçar, será livre sem querer?”. Já viu, ne? Prepara que o choro é livre e o poder de reflexão também. Então tá valendo ficar em prantos por alguns dias, mas sem se esquecer de colocar na mesa todos os questionamentos, ouviu?

Raiva: Na fase da raiva se ficar o bicho pega e se correr o bicho come! Nada mais natural. É aquele momento em que você alimenta em si todos os defeitos do outro, todos os momentos de intolerância, de briga, de incompatibilidade. Até mesmo o processo de término do relacionamento é um aditivo para a rejeição do ser amado. A raiva é tanta que a gente chega a perder tardes, imaginando tudo que gostaria de falar e ainda não falou. Nesse momento, dá play no som e escuta Apesar de você. Porque se for pra fazer o barraco, nada mais que venenoso do que termina-lo citando Chico e matando o outro do coração. Faz aquela carinha bem cínica que só você sabe fazer e fala em tom de deboche: “Apesar de você amanhã há de ser outro dia. Ainda pago pra ver o jardim florescer, qual você não queria…”.

Depressão: Olha, segura as pontas que tudo vai dar certo. O segredo é não desesperar. Ou até se desespere, mas sabendo que é passageiro. Depois da negação e da raiva, essa é, talvez, a fase mais difícil de passar. Os dias perdem a cor, a vida perde o sentido e não há perspectiva de caminhos a se seguir? Então nada melhor do que incorporar a sofredora e colocar no volume máximo Atrás da Porta.  Como é sempre bom ser coerente consigo mesmo, talvez aquela frase dessa música caiba perfeitamente agora: “e pra maldizer o nosso lar, pra sujar teu nome, te humilhar e me vingar a qualquer preço, te adorando pelo avesso, pra mostrar que ainda sou tua”.

Barganha: Cuidado que barganhar é sempre algo perigoso. É gente boa, a raiva passou e aqueles momentos de felicidade agora estão aí rondando a sua cabeça. A carência bateou e, na falta de um plano B pro coração, a gente fica querendo reconsiderar e dar uma nova chance (porque nós somos brasileiros e não desistimos nunca!) para um retorno (que a gente já sabe que será enfadonho) do relacionamento. Aí a gente faz o que? Pega o outro pelo ponto fraco. Faz um agradinho aqui, manda uma poesia ali e tudo caminha como tem que caminhar. E enquanto os planos de reconquista estão sendo todos pensados, é bom ter como trilha sonora a música Com açúcar, com afeto, que conta a história de uma dona de casa que fez o doce predileto do amado para ele parar em casa. Mas qual o quê! Será mesmo que deu certo? Pelo menos na música não deu não, hein! De qualquer forma, prepara o rebolado e fica forte e fica firme, que essa vontade de voltar e barganhar já já chega ao fim.

Aceitação: Oh! Finalmente, hein?! Depois de tanto choro, caixas e mais caixas de chocolate, amigos ajudando a nossa fossa, finalmente a última fase do luto chegou. E, para mim, é a melhor de todas, porque é nela em que a gente passa a aceitar que um ciclo se fechou e começa, bem aos poucos, ficar atento ao que virá (e acredite, as mudanças, às vezes, são mínimas e quase que imperceptíveis, mas ela vêm o tempo inteiro!). Então é isso, aceita logo que dói menos e dá um chega pra lá nesses dias de tristeza absoluta. Para essa fase, indico não uma, mas duas músicas do Chio. A primeira, Olhos nos Olhos parece que conta a história de todos nós, não é mesmo?  Ele inicia a canção dizendo assim: “Quando você me deixou, meu bem, me disse pra eu ser feliz e passar bem. Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci, mas depois, como era de costume, obedeci” e finaliza com um tiro certeiro: “Quando talvez precisar de mim, cê sabe que a casa é sempre sua, vem assim. Olhos nos olhos, quero ver o que você diz, quero ver como suporta me ver tão feliz”. E é isso mesmo. A nossa felicidade está sempre dentro da gente e não instalada numa outra pessoa que não será nunca o provedor (no máximo um contribuinte) da nossa satisfação existencial.  Então bota um sorriso na cara e inicie um novo dia entoando trechos da última canção do luto, que também serve para ser a primeira dessa nova fase.: “Não se afobe não que nada é pra já, amores serão sempre amáveis”.



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