segunda-feira, 24 de agosto de 2015

SEGUNDA EDIÇÃO DO QUINTAL DO GROOVE ANIMOU O DOMINGO EM VITÓRIA DA CONQUISTA



POR MARIANA KAOOS

Uma hora da tarde de domingo. O astro rei estava fixo no céu, reluzente, com aquele ar imponente, imperial. Seus raios solares iluminavam toda a cidade e fazia com que tudo tivesse mais cor, mais vida. O azul turquesa contrastava com as pouquíssimas nuvens, brancas e de algodão, que se encontravam esparsas, pelo céu. Fazia calor. Não daquele tipo insuportável de calor, mas do tipo excitante. Aquele em que você sente e, prontamente, quer tomar uma cerveja, sair de casa, ver o que o dia pode lhe proporcionar.


E o dia de ontem, 23, realmente proporcionou muita coisa para os que saíram de casa e foram conferir a segunda edição do Quintal do Groove, lá no Canto do Sabiá. A proposta da festa era mais ou menos assim: estipulou-se um valor para o ingresso mais um quilo de alimento não perecível por pessoa. Os alimentos, posteriormente, iriam ser doados para alguma instituição de caridade de Vitória da Conquista. Ao entrar no Groove, cada pessoa também tinha direito a uma feijoada (que, por sinal, estava deliciosa). Já a parte artística contou com uma exposição dos desenhos de Ully Flores e muita música. Durante a tarde, iria ocorrer a apresentação de três grupos autorais de Vitória da Conquista (Fillipe Sampaio e banda, Luiza Audaz e Trio Curimã e a Hendrix Armorial). Já ao por do sol, quem entraria com tudo para esquentar a pista de dança seriam os djs CangaSoul, CNKS, Dorgo B e Sig Sazonal.

E foi mais ou menos assim que aconteceu. A produção da festa (assinada por Dorgi Barros, Luiza Audaz e André Saimon) colocou toldos e mesas na parte externa do bar, para que o público pudesse sentar e comer a feijoada. Por volta das 14 horas, Fillipe subiu em palco para mostrar um pouco do seu mais novo show, intitulado “Instinto Primitivo”.

Fillipe é solar. Irreverente. Na tarde de ontem, vestia uma saia indiana verde e num óculos de grau, redondo, enorme. Contudo, o melhor assessório que usou, sem sombra de dúvidas, foi a sua voz. Ele, que é do signo de câncer, carrega na sua performance artística diversos contrastes: calmaria e tempestade, pressa e mansidão, suavidade e fúria. Tudo isso pode ser observado ontem, quanto cantou suas próprias canções e interpretou algumas músicas de outros artistas, como, por exemplo, da também conquistense, Ana Barroso. Seu show, inclusive, foi em homenagem a ela, que fez aniversário essa semana e é uma de suas maiores inspirações musicais.


Um fato curioso e surpreendente que ocorreu no seu show, foi a repentina participação de Loro Vodoo, dj do grupo Complexo Ragga. Quando Fillipe começou a cantar “Nego Dito”, de Itamar Assumpção, o Loro pegou o microfone e fez um freestyle, surpreendendo o público, que até então não conhecia seus dotes como rapper. Fillipe entrou na onda e emendou uma série de músicas, numa mistura de reggae com rock e fez todo mundo dançar e cantar junto.

Após a sua apresentação, foi a vez dos meninos da Hendrix Armorial mostrarem seu som, o que acabou quebrando um pouco a energia da festa. Como Fillipe fez algo dançante e a proposta da Hendrix transita pela questão do experimentalismo, o público, que já estava numa frequência rítmica, estranhou a ruptura do som e acabou dispersando. Contudo, após um tempo, todos voltaram seus olhares para eles que, modéstia a parte, sabem o que fazem e fazem muito bem feito.

Por fim, fechando a programação da tarde, Luiza Audaz e Trio Curimã deixaram todos boquiabertos com o show “Menino Blue”. A maioria das músicas apresentadas foi autoral, com melodias estranhas num primeiro momento, mas extremamente sedutoras com o passar do tempo. Apesar do som não ter estado muito bom (na verdade ele estava baixo), foi uma super apresentação, que também contou com as participações mais que especiais de Jhonny Ranks e Supremo Mc, vocalistas do Complexo Ragga, dj Rodrigo Freire no efeitos eletrônicos e dj Lucas Santos, que fez um live com Luiza, logo no início. Mais uma vez, o público se rendeu ao charme da cantora e, junto com ela, entoou os versos de “Hora do Chá”, uma de suas canções mais conhecidas.

E aí chegou a noite e o vento e o frio. Porém, nada disso foi suficiente para dispersar os presentes, que ainda estavam ávidos por música. Como agora em Conquista existe a campanha contra a poluição sonora e os locais que ultrapassam o volume de decibéis estão sendo interditados, a produção do Quintal do Groove, optou por preservar o bar do Sabiá. Eles então abaixaram um pouco mais o som e encurtaram a apresentação dos djs. Na verdade quem se apresentou foi Cangasoul e CNKS. O dj Sig Sazonal tocou por apenas meia hora e Dorgo B não tocou. O público, contudo, não saiu prejudicado. A festa, que estava marcada para acabar a meia noite, finalizou-se por volta das 23 horas. Nesse momento, a cerveja do bar também já havia acabado.

A segunda edição do Quintal do Groove reuniu cerca de duzentas pessoas e foi muito bem produzida. A ideia de começar a festa a tarde e oferecer feijoada para o almoço, foi o grande diferencial. As pessoas puderam se reunir, almoçar em comunhão, conversar, ouvir um som de qualidade e aproveitar as belezas do domingo de maneira quase que integral. A equipe que fez a festa está de parabéns e o público já espera que venham mais edições e que sejam todas surpreendentes como essa.

Fotos: Maieh Souza



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