quinta-feira, 27 de novembro de 2014

SÉTIMA ARTE EM DESTAQUE: MOGLI, O MENINO LOBO


POR GABRIEL JOSÉ
Estudante de cinema da UESB

“Mogli – O Menino Lobo” (1967) é o décimo nono filme de animação bidimensional do Walt Disney AnimationStudios, Marcado por ter sido o último filme supervisionado pessoalmente por Walt Disney, “Mogli – O Menino Lobo” é baseado no livro “The Jungle Book” de RudyardKipling e, assim como “Branca de Neve e os Sete Anões” (1937), “A Bela Adormecida” (1959), “Pinóquio” (1940) e entre outros clássicos da Disney, sua primeira cena é a apresentação do título do filme gravado em um livro que se abre, dando início à trilha sonora. O filme conta a história de um garoto encontrado dentro de uma cesta de palha, no meio de uma floresta na Índia, por uma sábia pantera chamada Baguera. Ao perceber que a criança logo menos ficaria com fome, o animal levou a cesta para uma família de lobos que acabara de ter filhotes, para que a fêmea pudesse alimentar e cuidar da criança. Claro que a família acolheu o pequeno bebê, mas após alguns anos o tigre Shere Khan havia voltado para aquela área da floresta e o líder da matilha de lobos, Akela, decretou que Rama deveria tirar Mogli da floresta o mais rápido possível senão a matilha estaria correndo grande perigo caso protegessem o garoto. Sem saber o que fazer, Rama não sabia para onde levá-lo e aí Baguera, que está sempre de ouvidos quando o assunto é referente ao Mogli entra em cena novamente para dizer que levaria o filhote de homem de volta a aldeia de homens mais próxima. Alguns minutos depois, Mogli ouve um barulho da floresta e é surpreendido por um grande e simpático urso pardo chamado Baloo.



O animal que estava apenas passando por lá, resolve descobrir o que era aquele pequeno menino e quando Mogli decide enfrentá-lo, Baloo sente pena do garoto e resolve ensiná-lo a lutar. Quando ele começa a pegar o jeito, Baguera escuta o som de grunhidos e achando que o filhote de homem está em perigo, corre atrás do som e quando percebe que é Baloo, volta a falar que irá levar o garoto de volta a aldeia de homens. Quando Mogli discorda pela terceira vez, pergunta a Baloo se pode ficar com ele e claro, o grande urso concorda e dá início a música mais conhecida do filme “Somente o Necessário”. A partir daí acontecem diversos eventos para Baguera, Mogli e Baloo, diversas músicas são tocadas e há um belo desfecho.

A Disney estava em uma época em que a animação sofreu uma queda, pois o clássico “101 Dálmatas” havia sido lançado em 1962 e tinha sido um grande sucesso, mas o sucessor “A Espada Era a Lei”, de 1963, não foi. Isso fez com que Walt Disney ficasse preocupado e, como a empresa estava ficando mais segmentada com os parques, as séries de TV e os live-actions, a animação não estava 100% sob o controle de Walt. Por conta disso, ele resolveu dar uma atenção maior a essa nova produção de Mogli. A principio os desenhos ficariam por conta do animador de longa data Bill Peet, mas após Walt ter visto a primeira versão dos desenhos, achou que estavam muitos pesados e obscuros. Sendo assim, ele demitiu Peet e, perfeccionista que sempre foi, Walt Disney começou a produção do zero. Ao dar o trabalho na mão de Larry Clemmons e um novo time de criativos, a primeira coisa dita por Disney foi que os desenhos fossem feitos sem que eles tivessem lido o livro de RudyardKipling.

Além de todo este contexto, o filme é considerado chave, pois infelizmente marca a morte de Walt Disney em 1966, quando o filme ainda estava em produção e isso fez com que o estúdio fechasse por somente um dia e dez meses depois, o filme foi lançado e então foi marcado seu sucesso.

Quanto a lição apresentada no filme, é possível interpretá-la através de um assunto bem comum nos dias de hoje que são as diferenças. Em momento algum você nota Bagueradesistindo de Mogli ou de Baloo e vice-versa, pois não importa o quanto as atitudes de alguém podem te irritar de vez em quando, sua amizade vale mais que uma discussão. O zelo que você tem por alguém querido, seja da família ou não, vale qualquer sacrifício e na vida, sempre precisaremos de alguém ao nosso lado, muitas vezes nos identificaremos mais do que com outras pessoas, como quando Mogli encontra a menina perto da aldeia de homens, e através disso poderemos nos rodear de pessoas incríveis, cada um com sua diferença que afinal, o que nos faz especial.

A Disney , na maioria de suas histórias, fez da amizade um fator muito importante para o sucesso de qualquer personagem, sempre foi necessário a ajuda de seus amigos para alcançar o resultado desejado e no caso de “Mogli – O Menino Lobo” há um grande foco não somente na amizade como fator do sucesso, mas como você deve se preocupar com seus amigos, pensando no que é melhor para eles e se impondo quando necessário.

O filme possui uma pegada boa de sarcasmo com uma certa inocência, o que faz com que o filme não seja entediante para um jovem e/ou adulto, mas possui músicas que atraem os olhos das crianças. O enredo faz com que pessoas consigam assistir o filme de maneira tranquila, sem deixar muitas dúvidas sobre os personagens, inclusive sobre seu passado, pois deixa claro que o passado não interfere nos acontecimentos futuros. De resto, “Mogli – O Menino Lobo” possui uma animação bem diferente, se observada de modo cronológico, que faz com que você não fique “acomodado” na estrutura comum dos filmes da Disney. É um filme fácil de ser assistido, que capta rapidamente a atenção da criança, mas que capta também a atenção dos adultos por ser algo que foge da programação infantil atual que insiste no conceito “politicamente correto”. Uma verdadeira obra prima da animação.

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