quinta-feira, 26 de junho de 2014

SÉTIMA ARTE EM DESTAQUE: MOULIN ROUGE - AMOR EM VERMELHO


POR GABRIEL JOSÉ
Estudante de Cinema da UESB

Seja sincero. Quando você foi a ultima vez que você foi ao cinema, ou alugou um DVD e se sentiu em um verdadeiro espetáculo? Se isso nunca aconteceu está em tempo de você ver “Moulin Rouge – Amor em Vermelho”. Simplesmente é um filme que já nasceu clássico (não vejo outra maneira de tentar expressar, pifiamente, a importância para o cinema mundial, a não ser entregando-me ao clichê) e que mudou o modo de Hollywood e o público em geral de ver os `ultrapassados` musicais.

Quando iniciamos a nossa jornada no mundo da boemia francesa, descobrimos que Christian (Ewan McGregor) é um jovem escritor que se muda para Paris a fim de ter sucesso em sua carreira. Após alguns infortúnios, ele conhece Satine (Nicole Kidman), a mais bela e mais cobiçada do Moulin Rouge, um cabaret voltado para a alta sociedade francesa. No decorrer do filme, surge o personagem do Duque (Richard Roxburgh), o homem pretende transformar o Moulin Rouge em um teatro e fazer de Satine uma atriz. Junto isso a muita música pop, referências altamente pertinentes, montagem arrasadoramente frenética, atuações esplendorosas, direção competentíssima, direção de arte sublime e você terá uma das maiores obras feitas no nosso século.


Apesar da história um pouco boba (afinal, existe algo mais batido do que o amor de uma prostituta por um pobretão?) é incrível como ela cria força com a atuação de Ewan McGregor e Nicole Kidman. Ele é o autêntico romântico, um homem que deixaria tudo pela sua amada. Ela é uma mulher decidida, que é levada, à priori, mais pela razão do que pela emoção. Isso tudo interpretado de forma sublime e sincera pelos dois jovens atores (ambos nas suas melhores atuações até agora). Pode ser que seja viagem minha, mas notei uma certa similitude entre os nomes Christian e Satine com, respectivamente, Cristo e Satã. Creio que Baz Luhrmann (diretor, roteirista e produtor) não pensou isso à toa, preocupando-se inclusive com a força onomástica de seus personagens.


Algo que sempre é bem vindo em qualquer filme que se preze é uma grande importância para a trilha sonora. E, em “Moulin Rouge – Amor em Vermelho”, não podia ser diferente, já que ele é um musical. Desde releituras de músicas do The Police, David Bowie e Madonna, até criações belíssimas e de uma sensibilidade enorme como a música-tema dos amantes `Come What May` o filme é um espetáculo para os ouvidos.

É impossível para mim não dedicar um parágrafo para a os aspectos técnicos do longa. A cada frame era uma nova descoberta daquele mundo mítico, voraz e romântico (desculpem os paradoxos, mas vejam o filme e entenderão o porquê desses adjetivos), as luzes, as cores, enfim, tudo que compunha aquele verdadeiro espetáculo visual . Isso sem contar os vestidos e todas aquelas indumentárias que as cortesãs vestem: definitivamente o trabalho de criação dos diretores de arte e cenários foi imenso.

Bah Luhrmann foi um verdadeiro gênio em ter a competência de mesclar o novo e o velho, o recente e o obsoleto, o brega e o sensível. Porque afirmo isso? Em qual filme você viu a criação de músicas que iriam vir a tocar e ser clássicas, muitos anos depois? Em qual filme você vê tanta cor, movimento, dança, e sentimentos da forma menos piegas e sentimentalóide, mas incrivelmente brega (assim como o amor), que foi mostrado neste? Em qual filme o amor foi tratado de forma tão real e apaixonada? Enfim, as peculiaridades são muitas, e, com isso, sua originalidade.

Esqueça todos os filmes anteriores de Baz. Diferente de “Romeu + Julieta”, onde vemos duas pessoas representando que estavam amando, em “Moulin Rouge – Amor em Vermelho” sentimos o amor deles pulsando na tela, em cada frase dita e em cada lágrima derramada. E, como era de se esperar, somos deixados com duas opções ao término do longa: ou chorar porque não está vivendo um amor tão lindo, pungente e verossímil como mostrado na tela; ou sair do cinema, comprar a coisa que sua namorada(o) gosta e se declarar ardorosamente para ela(e). Concordo que ele não é um filme fácil, com emoções falsas (como muitas das `comédias românticas` que são nos outorgadas por Hollywood), mas, afirmo categoricamente que, se você se entregar por inteiro ao seu clima, ele é uma experiência completa, emocionante, assustadoramente real e apaixonadamente romântica. E, para conseguir sentir esses sentimentos, infelizmente, além de ser vendo o filme, somente se apaixonando perdidamente como Christian e Satine.

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