sábado, 5 de abril de 2014

SÉTIMA ARTE EM DESTAQUE: RIO 2



POR GABRIEL JOSÉ


É perceptível que, em comparação com o primeiro “Rio”, esta continuação não mudou muita coisa na fórmula, mas há uma quase ausência de destaque nesta sequência. A grande mudança de “Rio 2″ é que, de protagonista, a Cidade Maravilhosa faz apenas uma participação especial nesta nova aventura das araras azuis Blu e Jade.

Nesta segunda fita, fica claro que a franquia de Carlos Saldanha não tem no roteiro seu ponto forte, que certamente reside no visual magnífico proporcionado pela sempre competente Blue Sky Studios. Assim como o capítulo anterior, o guião da jornada parece ter usado o script de outros longas – no caso, “Madagascar 2″ e “Entrando Numa Fria”- como modelo para o seu plot central.


A trama mostra o ainda neurótico passarinho Blu (quase uma versão alada de Woody Allen) e sua agitada esposa Jade embarcando com seus filhotes em uma viagem da capital fluminense para a Amazônia, onde os ornitólogos que os adotaram, Túlio e Linda, encontram pistas sobre um santuário natural repleto de outras araras azuis.

Chegando lá, Blu descobre que o chefe da reclusa tribo de pássaros é nada menos que o pai de Jade, Eduardo, um pássaro durão que detesta humanos e não vai muito com a cara do genro domesticado. Enquanto isso, um inescrupuloso madeireiro planeja a derrubada do lar das ameaçadas araras azuis.

No decorrer da fita, vemos que Blu e suas trapalhadas continuam a render boas gags, a relação deste com Jade ainda possui um contraste bacana (ressaltando pelo tratamento dos dois com os filhotes) e os coadjuvantes do filme anterior, Nico, Pedro, Rafael e Luiz, novamente roubam a cena, até porque o subplot destes envolvendo ensaios para o carnaval possui um potencial cômico bem maior que o do plot central.

A cacatua Nigel retorna em um novo papel, funcionando mais ou menos como o Scrat de “A Era do Gelo”, com participações pontuais bem divertidas, no que é quase uma aventura paralela que se cruza aqui e ali com a trama central, contando inclusive com coadjuvantes próprios em sua jornada – uma apaixonada rã venenosa e um tamanduá vestido de Carlitos.

Mas é uma pena que os novos personagens não funcionem muito bem, especialmente os antagonistas, fracos e que não causam nenhuma emoção junto ao público. Mesmo os filhotes de Blu e Jade têm pouquíssimo o que fazer no decorrer da aventura, além de algumas gags esporádicas e servirem como apoio para os dilemas de Blu.

Tenho uma objeção a fazer , que me deixou indignado , no desenho, existem duas TARTARUGAS CAPOEIRISTAS e fica nítida a conotação, pra cima de nós, baianos. Isso é lastimável, pois ainda servimos de chacota para os outros, isso pra mim foi total mau gosto. Mas não é por isso que o filme perde seu brilho.

A animação é um banquete para os olhos, O Rio de Janeiro em si surge apenas nos momentos iniciais, em uma bela representação do ano novo em Copacabana. Após uma breve montagem com cartões postais de algumas das capitais mais famosas do País em meio a viagem de Blu e sua turma (em especial, algumas cidades-sede da Copa do Mundo), mergulhamos na bela versão da Amazônia idealizada pela equipe da Blue Sky Studios. Os ambientes são diversificados e muito bem detalhados, tornando a imersão nestes por meio da tecnologia 3D um verdadeiro deslumbre.

Carlos Saldanha parece que percebeu a fragilidade do plot principal do roteiro escrito pelo recém-falecido escritor Don Rhymer. Mas o cineasta apostou de maneira certeira no visual da produção e no carisma de seus personagens para tirar leite de pedra e nos presentear com um filme que, longe de ser inesquecível, ao menos diverte.

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