quinta-feira, 22 de outubro de 2020

MÉDICA BAIANA ASSINA LIVRO INFANTIL SOBRE SUPERAR A DOR E SER FELIZ


 

POR CARLA SANTANA


A médica baiana Anita Rocha estava na praia com o seu filho quando ele a perguntou qual seria seu projeto de vida. O questionamento inesperado gerou reflexões sobre as coisas que ela realmente valoriza, entre as quais estão a medicina, a educação e as crianças. Surgia, então, o desejo de escrever livros infantis que abordassem conceitos importantes relacionados à saúde. 


A anestesiologista passou a sonhar com este feito até que, finalmente, nasceu sua primeira obra literária, “A Transformação de Flor”, que será lançada no Dia Nacional do Livro (29 de outubro), no Itaigara Memorial, das 9h às 11h e das 14h às 16h, oportunidade em que a autora fará a entrega gratuita dos livros autografados aos interessados. O lançamento faz parte das celebrações do mês das crianças porque elas, segundo a nova escritora, “são seres que iluminam o mundo e têm o poder de nos renovar através do seu olhar suave sobre o dia a dia e do seu maravilhoso encantamento em relação a cada nova descoberta”.




A publicação aborda de forma lúdica um tema muito sério: a dor e o sofrimento causado por ela. A história é protagonizada por uma meiga lagartinha chamada Flor que, até sofrer um acidente e perder várias de suas patinhas, vivia brincando com seus irmãos mais velhos e adorava ouvir as histórias do seu avô Lagartuxo. Seu sonho era se tornar uma linda borboleta e voar, mas ela não tinha certeza se poderia fazer isso, por ser diferente da maioria das lagartas. Sua dor lhe deixava triste e solitária. Contudo, certo dia, Flor decidiu se unir a outras lagartas para ajudar a quem, como ela, era diferente. 


O objetivo da nova equipe formada era fazer as lagartinhas acreditarem que era possível melhorar através de tratamentos que as tornassem mais fortes e saudáveis. Flor tornou-se psicóloga, sua irmã Margarida se transformou em enfermeira e seu irmão Lírio virou fisioterapeuta. Rosa e Cravo eram os médicos do grupo que, unido, trabalhava para ajudar uns aos outros a viverem melhor. Quando a primavera chegou, a festa da transformação das lagartas ganhou tons ainda mais coloridos e alegres, já que todas estavam felizes. Assim, elas se tornaram lindas borboletas e aprenderam a voar, superando a sua dor. 




Superação - Para Anita Rocha, assim como, em sua história, a personagem Flor encontrou estratégias para superar seu sofrimento e conseguiu alçar grandes vôos, pacientes da vida real acometidos por dores crônicas também podem encontrar caminhos que proporcionem bem estar. Embora nem sempre seja possível evitar o elemento que causa a dor, os pacientes podem adotar estratégias que lhes garantam uma melhor qualidade de vida. “Quando estudamos a dor, avaliamos alguns aspectos como a lesão, a dor decorrente dela, o sofrimento atrelado à dor e o comportamento do paciente diante desta dor. Pessoas expostas a uma lesão tecidual, agressão física ou até mesmo psíquica podem adotar diferentes comportamentos, que podem tanto fortalecer a manutenção da dor, tornando-a mais duradoura, quanto controlar mais facilmente este sintoma”, resumiu a médica. 


Diferente de “aprender a conviver com a dor”, como dizem muitos pacientes, a especialista defende a adoção de estratégias que contribuam para prevenção ou controle do sintoma. Assim, “se para algumas pessoas, comer chocolate ou tomar café, por exemplo, ativam o ‘gatilho’ da enxaqueca, evitar o uso dessas substâncias pode ser uma excelente estratégia para diminuir o sofrimento proveniente das crises. Esta proteção é uma forma de atuar de maneira preventiva diante da dor”, explicou a anestesiologista, coordenadora da Clínica da Dor do Itaigara Memorial, em Salvador.

Ludicidade e sociabilidade - Ao tratar a dor com respeito e não apenas como um sintoma isolado, a especialista a caracteriza como um elemento influenciado por aspectos físicos, psíquicos, sociais, econômicos e religiosos que precisam ser considerados e valorizados. Com esta base, Anita Rocha defende que é preciso aprender a lidar com a dor de forma mais lúdica. Isso inclui, por exemplo, buscar situações que possam concorrer com a dor, a fim de acelerar a recuperação e mudar o estilo de vida. 


Neste sentido, “o paciente pode desenvolver trabalhos relacionados a situações de distração, praticar atividades físicas regularmente e buscar a arte como elemento de expressão de sentimentos e como forma de preencher o espaço que se tornou vazio em função da dor”, frisou. Alguns trabalhos mostram que a música, a pintura, os trabalhos manuais, a literatura e outras formas de arte podem contribuir para o controle da dor. Além disso, pessoas que se envolvem com trabalhos sociais e buscam se inserir em grupos voltados a cuidar do outro evoluem melhor quando comparadas com as pessoas que se isolam em seu mundo. “Quem sofre precisa evitar a solidão e buscar estratégias de reinserção na vida como um todo”, completou a anestesiologista.




Sobre a autora - Inspirada pelo exemplo de seus pais, Anita Rocha sempre gostou de estar próxima das pessoas e de trabalhar o cuidado e o acolhimento para com o outro. Por esta razão, decidiu tornar-se médica anestesiologista. Durante sua residência nesta especialidade, descobriu que poderia contribuir mais para a redução do sofrimento e melhora da qualidade de vidas das pessoas através de uma Clínica da Dor. Com a prática médica e os atendimentos diários, ela não teve dúvida de que este realmente era o seu caminho. “Os professores que tive e os serviços médicos humanizados que conheci ao longo da minha formação e trajetória profissionais despertaram o desejo de me dedicar à pesquisa e ao ensino. Fiz mestrado e doutorado em Anestesiologia e hoje atuo como supervisora na residência de Dor no Hospital Santa Izabel (HSI) e coordenado a Clínica da Dor, onde diariamente acontecem trocas de energia, conhecimentos e, sobretudo, de amor. Este é um pouco do meu mundo, a tradução do que verdadeiramente acredito”, finalizou a nova escritora.




Serviço



O que: Lançamento do livro infantil “A Transformação de Flor” (Editora Mente Aberta), de autoria da médica baiana Drª Anita Rocha.



Quando: 29 de outubro, das 9h às 11h e das 14h às 16h.



Onde: Itaigara Memorial - R. Altino Serbeto de Barros, 119, Edf.  Linus Pauling, 3ª andar, Pituba, Salvador - BA.


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