POR PRISCILA LOPES
Assessoria
Fotos: Fábio Rizzato Biofoto e Mariana Pekin
A noite de terça (04) também revelou a primeira mulher transexual a ganhar um Prêmio Claudia. Maria Clara de Sena levou o troféu em Políticas Públicas – ela, perita do Mecanismo de Combate e Prevenção à Tortura de Pernambuco, órgão que responde a diretriz das Nações Unidas sobre o tema, é a única transexual do mundo a integrar políticas públicas contra tortura. Após compartilhar as violências que enfrentou na vida por ser negra e transexual, Clara transmitiu uma mensagem de esperança: "O mundo está se descobrindo, a gente está conseguindo chegar em um lugar positivo. Eu estar aqui é a representação disso”.
Em Trabalho Social, a vencedora foi Neide Santos, que criou uma ONG para ensinar corrida para mais de 500 crianças e adultos no Capão Redondo, o bairro mais violento de São Paulo. “Quero agradecer a todos que ajudaram a fazer um mundo melhor na comunidade. Não queria ver a história dessas ‘Marias’ ser escrita nas páginas policiais. Diga eu te amo hoje e mude o mundo de alguém.”
O prêmio de Revelação foi entregue à dupla de estudantes de engenharia Samantha Karpe e Letícia Camargo Padilha, que criou o Poliway – liga feita de brita com componentes encontrados em embalagens de plástico que substituem o piche, derivado do petróleo, resultando em um pavimento para ruas e estradas mais resistente, econômico e sustentável. “Esse prêmio é em nome de estradas mais seguras, em nome de tantos jovens que perdem suas vidas em acidentes. Obrigado a vocês por acreditarem que a juventude pode salvar o mundo”, disse Letícia.
A vencedora do Prêmio Claudia na categoria Cultura, é a cineasta Anna Muylaert – diretora de "Que Horas Ela Volta?", reacendeu a discussão sobre a exploração do trabalho doméstico no Brasil. Em seu agradecimento, ela disse: "Esse é o primeiro prêmio que ganho em uma premiação voltada para mulher. Na semente deste filme está a minha vontade de valorizar as vontades da mãe e da mulher, então é acredito que é por isso que eu estou aqui".
A fundadora do NuBank, Cristina Junqueira, sagrou-se vencedora da categoria Negócios e recebeu o troféu de Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza. O objetivo do NuBank é oferecer um serviço de cartão de crédito que pode ser administrado pelo celular, dispensa banco e não tem anuidade. “Não foi fácil, agradeço muito ao apoio do meu marido, que me ajudou a cuidar do meu filho ainda bebê quando abri o NuBank”, lembrou Cristina, que para concluir mandou o recado: “Todas as mulheres têm que se ajudar. Vamos trocar o julgamento por elogios.”
Para a categoria Consultora Natura Inspiradora, o presidente da Natura, Roberto Lima, subiu ao palco para entregar o prêmio a Rozimere Santos Oliveira Souto – agricultora de Pedra Lavrada-PB, Rozimere criou uma associação para plantio, processamento e distribuição de alimentos baseado em hortaliças e frutas nativas que vem aumentando a renda e fortalecendo os laços da comunidade. “Agradeço à minha família e às muitas mulheres que batalham por uma vida melhor. Quero que todas as agricultoras se sintam representadas por mim. No semi-árido, a vida pulsa, sou filha da terra e é lá que quero estar”, disse.
A médica Adriana Melo, primeira cientista a descobrir a relação entre infecção de gestantes por zika vírus e bebês com microcefalia, foi a vencedora da categoria Ciência. “Dedico meu prêmio às mães dessas crianças, que continuam sendo tratadas como números e não podem mais ser tratadas assim.”
Três finalistas concorreram a cada uma das categorias. As vencedoras foram definidas por meio do voto popular no site do prêmio (www.premioclaudia.com.br) e por avaliação do júri, composto por representantes da Editora Abril e um grupo de jurados notáveis.
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