segunda-feira, 1 de agosto de 2016

ENTREVISTA COM A MÉDICA DRA. YURIMA NÁPOLES

“O mais difícil foi a comunicação, mas conseguimos”, diz a médica Cubana

Foto: Rosenilton Barbosa

POR RAFAEL FLORES GAMA PRATES
Assessoria de Comunicação Barra do Choça

Hoje, damos continuidade à série de publicações sobre a atuação do programa Mais Médicos em Barra do Choça. O trabalho realizado pelos médico cubanos Yurima Nápoles e Alexandre Reyes estão sendo o grande foco das nossas reportagens.

Em agosto de 2014, desembarcaram no Brasil 2400 médicos cubanos para atuar em municípios dos 26 estados da federação. Entre eles estavam Yurima Nápoles e Alexandre Reyes, que foram alocados em Barra do Choça para prestar serviço nos Postos de Saúde da Família (PSF) dos bairros Pedro Santino e Alto da Barra.


Este grupo assinou um contrato de três anos, através do programa do governo federal Mais Médicos, cujo objetivo é a melhoria do atendimento aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Além de levar mais médicos para regiões onde há escassez desses profissionais, o programa prevê, ainda, mais investimentos para construção, reforma e ampliação de Unidades Básicas de Saúde (UBS), além de novas vagas de graduação, e residência médica para qualificar a formação desses profissionais.

O contrato assinado é de três anos, ou seja, a estadia deste primeiro grupo terminaria em julho. No entanto, com a iminência dos Jogos Olímpicos e com o período eleitoral, o contrato foi prorrogado e teremos a companhia dos cubanos até o mês de novembro.

Confira a nossa conversa com a Dra. Yurima Nápoles, 32 anos, formada pela Universidade Efrain Popa Benitez:


Como se deu o seu interesse em participar do programa Mais Médicos e atuar no Brasil?

O governo de Cuba publicou a chamada para que todo médico pudesse participar do que chamamos de "missão" no Brasil. Assim, pudemos fazer a inscrição, preenchendo os dados, fiz isso e então entramos na etapa de participar de um curso de português, no qual fomos atendidos por professores brasileiros que viajaram para Cuba para nos ensinar a língua durante um mês antes de virmos para o país.

E como foi a sensação ao chegar em um país desconhecido?


É difícil de explicar, mas foi boa. Primeiro, chegamos e nos deparamos com um novo país e uma cultura diferente, mas não tão diferente assim e que os professores de português além de se encarregaram de nos explicar a gramática e as expressões linguísticas,  falaram da cultura, da história e das principais figuras brasileiras no âmbito político. E a história do Brasil é bastante similar à de Cuba, são países colonizados e com uma mistura de raças muito grande, nos dois países você encontra brancos, pretos, chineses, entende? Então ao chegar aqui, o mais difícil foi a comunicação, mas conseguimos.

Então a língua foi um empecilho? Como você superou isso?

Existem aqueles que não estão acostumados e na primeira consulta não entendem muito bem, mas eu sempre falo que não sou brasileira e peço pra que eles me falem se não entenderem que eu chamo alguém para ajudar na tradução na mesma hora. Através do programa, também recebemos um tablet, e nele pudemos tirar algumas dúvidas com especialistas por um sistema na internet, seja sobre a língua ou sobre alguns casos que não estávamos habituados.

Um dos objetivos do Mais Médicos é fazer com que os profissionais cheguem a comunidades que tenham carência no atendimento médico. Como foram as primeiras interações com os pacientes de Barra do Choça?

Na verdade, no início o mais difícil era o medo de que não conseguiríamos nos comunicar com a população, mas acho que só foi isso. Por que no tratamento à população nós já estamos acostumados, em Cuba, por exemplo, não existem classes sociais, mas existem aqueles que moram em cidades com melhores condições. Como parte da nossa formação no nosso país, os primeiros anos de formado nós temos que trabalhar em comunidades de difícil acesso, entende? A comunidade que trabalhei nos meus primeiros anos de formada é similar a essa, um município nem muito grande nem muito pequeno.

E qual avaliação a senhora faz desse período em que ficou no nosso país?

Enquanto experiência eu acredito que para todos nós foi ótima, por que todos os dias no mundo você aprende, ninguém sabe tudo. O Brasil foi isso, desde que chegamos tivemos a oportunidade de conhecer o Sistema Único de Saúde (Sus), que tem problemas, mas é um modelo muito bom. E foi bom também conhecer as coisas boas do brasileiro, sua cultura, etc.



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