domingo, 10 de abril de 2016

SÉTIMA ARTE EM DESTAQUE: BATMAN VS SUPERMAN - A ORIGEM DA JUSTIÇA




POR GABRIEL JOSÉ
Estudante de Cinema da UESB


É chegado o veredicto  do filme mais aguardo de 2016 pessoal, mas infelizmente ele não é dos melhores.  Quando a filosofia heroica conflitante de Batman e Superman chega ao limite e os Vingadores atinge mais de um bilhão e meio de dólares em bilheteria, a DC/Warner decide que é hora de jogar suas duas principais marcas uma contra a outra e, da fissão resultante, partir para um filme da Liga da Justiça.

Assim, a responsabilidade sobre os ombros de Zack Snyder ,que fez “O Homem de Aço”, marco zero da trama do novo longa) já seria gigantesca apenas por lidar com as franquias título. Some-se ainda o fato de que a fita ainda apresenta a primeira adaptação cinematográfica da Mulher-Maravilha e ainda introduz as estreias cinematográficas de outros personagens do panteão de heróis e vilões do Universo DC e seriam poucos os cineastas que não ficariam em posição fetal chorando no canto do estúdio com o trabalho em mãos.



Afinal, essa produção precisava, ao mesmo tempo: reapresentar o Batman (já que no Batman do Nolan não havia espaço para Supermans e Mulheres Maravilhas), retomar os eventos de O Homem de Aço , criar um motivo para o homem-morcego ir atrás do Super-Homem,  narrar toda a trama de Lex Luthor, inserir a Lois Lane para justificar o contrato da Amy Adams, apresentar a Liga da Justiça, e, mais importante, pancadaria. Não há espaço para arcos dramáticos ou desenvolvimento de temas interessantes, mesmo com as inchadas 2h40 de duração.

É muita informação e o pouco espaço que sobra é desperdiçado por alucinações/sonhos vívidos/devaneios/flashbacks que só vão fazer sentido em outros filmes. Tudo é muito rápido. Tem muita coisa acontecendo e as tramas não se conectam de forma orgânica, não há uma linha narrativa que dê para seguir com a confiança de saber o que está rolando. Na ânsia de querer condensar tudo em um só lugar ,Batman vs Superman é atropelado pela sua própria história.

Até quando o longa tem a oportunidade perfeita para fazer com que seus protagonistas possam discursar sobre seus pontos de vista, ele prefere investir em uma cena de ação ou, em certo caso, para uma bola de fogo. O que deveria ser um conflito de proporções épicas se torna um mal-entendido provocado de maneira esquisita por um vilão mimado, cheio de tiques e de motivações duvidosas – sim, estou falando do Luthor de Jesse Einsenberg, que mais parece uma mistura de Coringa com a caracterização de Mark Zuckerberg feita por ele em“A Rede Social”. Se for feito um concurso para ver qual plano tem mais furos, o desse Lex ou o de “Superman – O Retorno”, o páreo certamente seria duro e o fato de que os heróis – especialmente Batman – caem nos esquemas do vilão acaba emburrecendo os protagonistas.

Henry Cavill entrega um Superman que deseja realmente ajudar as pessoas e que não se acha digno da adoração (e do ódio) de qual é alvo. Essa polarização da qual o personagem é vítima apenas o afastam do povo que deseja proteger e fazer parte. Não é a toa que Lois (Amy Adams) e Martha (Diane Lane) funcionam como seus elos com a humanidade – especialmente porque elas são basicamente suas únicas interlocutoras, com exceção de uma cena um tanto mais surreal onde o herói recebe conselhos de uma figura do seu passado. Cavill e Amy Adams possuem uma ótima química e, não fosse a bela cena deles no apartamento de Lois, não teríamos nenhum insight sobre o homem por trás do Super.

Contrariando todas as expectativas, Ben Affleck cumpre bem as funções do homem-morcego , ilustrando com eficiência a raiva e a frustração que dominam o homem-morcego, embora sua contribuição ao filme pudesse ter sido muito maior se tivesse dado um golpe de Estado e assumido a direção.

Infelizmente, “Batman vs. Superman – A Origem da Justiça” acaba sendo mais uma luta entre visual e substância. As diversas homenagens aos quadrinhos funcionam (uma delas deixará os fãs de uma certa mega-saga oitentista de cabelos em pé) e ver a Trindade trabalhando em conjunto é simplesmente sensacional, especialmente por conta do espetáculo pirotécnico oferecido por Snyder, mas o conteúdo do roteiro é muito mais raso que o do visual. Ao tentar transformar na marra o seu filme no épico prometido, o cineasta rouba um pouco da humanidade daqueles ícones, deixando-os menos interessantes.



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