POR GABRIEL JOSÉ
Estudante de Cinema da UESB
Historicamente, não é comum que uma grande franquia cinematográfica se estenda e o nível de qualidade continue ou evolua positivamente. A maior delas, do agente James Bond, por exemplo, passou por vários altos e baixos, mas, recentemente, parece ter se achado. O que nos leva a crer que isso está mudando, o mesmo acontece no material produzido pela Marvel Studios. Mas, de todas estas, “Missão: Impossível” aparece como o caso mais contundente, pois, desde a terceira parte da saga, somos sempre surpreendidos com filmes deveras interessantes.
É bem verdade que o primeiro “Missão: Impossível” (1996) ainda seja considerado por muitos o mais original de todos, até pelo fato de pôr a tensão como fator atmosférico e introduzir especificas cenas de ação que ficaram marcadas nos anais da sétima arte. Porém é inegável que o vilão interpretado por Philip Seymour Hoffman, em “Missão: Impossível 3” (2006), surge como o inimigo mais ameaçador. Ou que o cineasta Brad Bird tenha entregue o trabalho mais versátil do ponto de vista de direção em “Missão Impossível – Protocolo Fantasma” (2011).
Bird foi convidado para comandar o quinto capítulo, mas preferiu focar em seu projeto pessoal, “Tomorrowland –Um Lugar Onde Nada é Impossível” (2015), dando lugar a Christopher McQuarrie. Este mais conhecido como roteirista, por ter escrito o premiado “Os Suspeitos” (1995), tendo dirigido apenas dois longas: “À Sangue Frio” (2000) e o ótimo “Jack Reacher: O Último Tiro” (2012), estrelado pelo próprio Tom Cruise. Certamente surgiu daí o interesse do produtor por uma nova parceria chamada “Missão: Impossível – Nação Secreta”. Um filme que se reinventa e ao mesmo tempo traz de volta o gênero thriller, tão elogiado no primeiro.
Começando exatamente de onde parou o anterior, somos enfim apresentados à famosa organização conhecida como o Sindicato (já abordada na série de tv) – quem aprecia as origens de 007, pode fazer uma boa comparação com a Spectre. Com a descoberta, Ethan Hunt vai então tentar combater o tal aparelhamento secreto do governo, mas como fazer se não tem ideia do que se trata exatamente a investigação, e estando cercado de gente nada confiável.
Para piorar, o agente ainda está sendo caçado pela própria célula que atua. Resta então recorrer para sua antiga equipe e se aventurar ao lado de uma nova e linda dama dúbia, que simboliza a gênese do cinema noir.
E se por um lado notamos que o diretor prefere destacar o drama vivido pelos personagens, por outro, quando este resolve investir em momentos mais chocantes, somos presenteados com perseguições magnificas. Tomadas eletrizantes e geograficamente estruturadas. Há em especial uma cena num cofre subaquático que, além de ser esteticamente interessantíssima, cria uma bela rima narrativa com o atual estado que vive o personagem. O melhor de tudo é poder constatar que estas cenas não foram apenas jogadas no longa, mas tem funções precisas dentro da trama e funcionam de maneira orgânica.
Do ponto vista visual, o filme soa muito charmoso pela fotografia cristalina e também sombria do sempre excelente Robert Elswit. Apostando numa tonalidade mais escura, Elswit consegue passar o clima de crise que estamos vendo em tela. Do mesmo modo, o maestro Joe Kraemer confere uma trilha sonora à altura da película, por praticamente ir construindo, pouco a pouco, o tema clássico de Lalo Schifrin. Bem como pontua corretamente os instantes mais distintos da história.
Em resumo, “Missão: Impossível – Nação Secreta” vem para dar um novo frescor e deixar o pavio da cinessérie mais aceso do que nunca. Com a excelente recepção da crítica e o boca a boca do público em geral, o longa deve fazer um grande sucesso entre os mais variados gostos. Pois, como vimos, a obra trafega em vários gêneros e obtém sucesso em todos eles. A certeza é que, ao lado do petardo “Mad Max: Estrada da Fúria” (2015), o troço já é um dos melhores exemplos de blockbuster do ano, com louvor.
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