sexta-feira, 14 de agosto de 2015

ITO MORENO SE APRESENTOU NO CAFÉ SOCIETY NA NOITE DE QUINTA (13)


POR MARIANA KAOOS

As paredes do Café Society são ocupadas por inúmeras fotografias. Para quem entra no espaço e olha à sua esquerda, é possível notar imagens antigas de uma família, fotos de algumas figuras conquistenses e artistas em geral. Já a parede direita do ambiente, foi a vitrine reservada para alguns cartazes de festival de música que ocorreram pelo mundo afora, além de fotos das grandes referências do jazz, rock e blues. Pregada à parede direita do café, Billie Holiday está lá, olhando o público de perfil, com olhar misterioso. Também os Beatles, unidos e felizes, provavelmente antes da chegada de Yoko Ono na vida do grupo.


Todas as fotos que moram no Café Society, contam, no mínimo, duas histórias. A primeira é sempre individual, imersa num tempo e espaço específicos de cada uma. Já a segunda, permeia pelo Café e suas noites e seu público e seus artistas. Na noite de ontem, 13, os personagens, as molduras e os cenários de cada fotografia contaram também uma terceira história: a de Ito Moreno e sua apresentação musical.

Ito é cantor, compositor e instrumentista. Nasceu na cidade de Macaúbas, se enveredou pelas bandas de São Paulo e, após, quinze anos lá, está de volta à Bahia. De acordo com ele, morando em Salvador, “mas se ajeitando direitinho para, muito em breve, voltar para Vitória da Conquista”. Pela segunda vez se apresentando no Café Society, o artista montou um repertório que transitou entre músicas autorias como “Ela Diz Que Vai Pra Nova York” e “Minha Loucura” até suas maiores referências como Luiz Gonzaga e Dorival Caymmi. Em relação a essa mistura, Ito defende-se, afirmando que todos nós somos seres de múltiplas referências. “Diversos sons, composições, artistas estão engendrados dentro da minha percepção musical. Então é possível e numa mesma noite eu cante de Fagner a Malu Magalhães”.

O show de ontem ocorreu dessa maneira multi, permitindo que a plateia, atenta, cantasse junto e se reconhecesse nas canções apresentadas. Quem esteve lá foi a também cantora conquistense Luiza Audaz, que há pouco mais de duas semanas realizou seu show intitulado “Gal Canções”. Balançando a cabeça em tom afirmativo, como se estivesse concordando e gostando do que ouvia, Luiza reconheceu no colega de profissão a qualidade necessária para que um artista possa ousar, reinterpretando a obra de outros cantores consagrados. “Eu não conhecia o som de Ito, mas estou muito feliz por ter vindo no Café hoje acompanhar a sua apresentação. Acho de extrema importância repensar as canções com a perspectiva de novos arranjos para elas”.

Não só arranjos. Ito Moreno, também inovou na escolha dos instrumentos que iriam dialogar no seu show. Chamando a todos de maneira graciosa, pelo apelido, ele apresentou seus convidados especiais, Dandara e Cléber, bem como seus músicos: Isac na sanfona, Gabriela no violoncelo, Ciro na percussão e Ninho na zabumba. Ito deixou-se admitir que adora fazer essas misturas polifônicas. “Veja bem, é possível misturar a sanfona com o violoncelo. Dois instrumentos, um inserido dentro da cultura popular e o outro na vertente clássica, mas que, juntos, promovem uma sonoridade rica de belezas e melodias. Foi fácil para o público ouvir, não foi? Pra gente também foi fácil promover essa combinação”.

O show, que começou com uma hora e dois minutos de atraso, finalizou-se perto da meia noite. Nesse momento, a temperatura na cidade estava nos seus 14°c, com sensação térmica de 10°c. Lá fora, claro. Porque dentro do café, o clima estava quente, com a plateia ávida querendo bis. Muito sorridente com os acontecimentos noturnos, Otávio Henrique, dono do Café Society, revelou que uma das coisas de que mais gosta dentro do Café, é a delicadeza do seu público de sempre aplaudir de maneira veemente as apresentações que ocorrem por lá. “Eu acho o bater de palmas uma coisa fundamental. É uma forma de agradecimento ao artista. É um sinal de que a plateia está gostando. Então, aqui no Café a gente busca trazer um público que não seja apenas consumidor e sim consumidor e ouvinte”.

Ao fim do show, Ito, comovido, agradeceu ao público, de maneira febril. Este, por sua vez, levantou-se e o aplaudiu de pé, demonstrando assim, que houve diálogo entre artista e plateia. Muito provavelmente, se as fotografias nas paredes do Café pudessem se movimentar, elas também estariam sorridentes, batendo palmas para o cantor.

Fotos: Blog do Rodrigo Ferraz

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