segunda-feira, 30 de março de 2015

OPINIÃO: NOSSA EXPOSIÇÃO




POR MARCÍSIO BAHIA


No momento de comemorarmos o fato de Vitória da Conquista aparecer para o país com a pujança da sua 49ª. Exposição Nacional Agropecuária, Industrial e Comercial da Cooperativa Mista Agropecuária Conquistense e seus parceiros públicos e privados, com manchetes elogiosas, resultados acima das mais otimistas expectativas, cabe-nos pontuar sobre a importância da organização da sociedade em torno de seus objetivos comuns. Por se tratar de uma capital regional que, além de mostrar força no Agronegócio, Educação, Indústria e Comércio, é um dos celeiros culturais mais respeitados do Brasil, há de se louvar a iniciativa da estreante diretoria da Coopmac, em ofertar ao público o talento dos nossos artistas locais.

Uma cidade é uma pessoa cuja vontade, pelo pacto de muitos homens, há de ser recebida como sendo a vontade de todos eles. E é a Sociedade Civil Organizada, em seu sistema tricotômico, que intermedia a relação das famílias com o Estado, mas se torna urgentíssima e necessária uma melhor análise contextual e conceitual do processo desse relacionamento. Será que já nos questionamos sobre o tipo de “cultura” que nossos filhos estão recebendo “goela abaixo” que, em nome do capital, destrói nossos valores e, principalmente, nossa base cultural, sem dúvida um dos nossos maiores patrimônios.


Vivemos uma invasão barulhenta de hábitos do rebolado praiano ou da ensurdecedora cantiga eletrônica que se diz representar o modo caipira do centro-sul do país, massificando uma juventude que, certamente, não consegue ter acesso ao tesouro inestimável da nossa verdadeira cultura caatingueira, dos valores do sertão. Paramos de perder nossas meninas para a escravidão doméstica paulistana, nossos meninos para o subemprego sulista, pois hoje é clara a fixação das famílias no campo ao invés de irem para as estatísticas da violência periférica dos grandes centros. Contudo, a violência cultural praticada na cabecinha dos nossos jovens há de ser combatida, e aí está a importância de um movimento positivo da nova diretoria da Coopmac em relação à cultura artística local, talvez inspirado no exemplo que a Prefeitura dá na elaboração do Forró Serra do Periperi, Festival da Juventude, Natal da Cidade, Por Isso é que Eu Canto, entre outros.


Outro ponto que, talvez, a maioria não perceba é a evasão de divisas no ato de se investir em artistas de outras cidades ou de outros estados. Quando você paga ingresso para esses shows, induzido pela massificada exposição deste ou daquele artista sazonal, está financiando compra de bens, serviços e movimentação em outras praças, porque a renda dos shows e os cachês elevados não serão gastos no comércio local e, de alguma forma, evitando que esse dinheiro circule e se reverta em benefício para Vitória da Conquista. Investir no talento local, além de contribuir para uma sociedade mais harmônica, para uma identidade cultural genuína, possibilita que esse dinheiro retorne para o mesmo seio social.

Observe que a cidade está tomando novos rumos e que a relação Sociedade Civil Organizada e Estado aqui está evoluindo através do diálogo. Pontos que exemplificam essa afirmativa são:a renovação melhorada em diretorias de importantes instituições conquistenses, a exemplo de ACIVIC, CDL e Coopmac; os grandes investimentos na construção civil, no comércio, na educação e na infraestrutura; a guinada ascendente do investimento público em cultura, esporte e lazer, graças à sensibilidade de um artista à frente da pasta; a tão esperada revitalização do centro comercial. Entretanto, a preocupação de lutar contra a funesta massificação artística e cultural deverá estar em todos os debates que tratem de evoluirmos como cidade e como gente.


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