domingo, 7 de dezembro de 2014

SÉTIMA ARTE EM DESTAQUE: OS MERCENÁRIOS 3



POR GABRIEL JOSÉ
Estudante de Cinema da UESB



Existe um pecado mortal que filme de ação nenhum pode cometer. O roteiro pode ser mais furado que lataria de carro depois de um tiroteio e os personagens podem ser mais rasos que um pires, mas longas desse gênero jamais podem ser chatos e/ou sem ritmo, adjetivos que descrevem muito bem este “Os Mercenários 3”.

O primeiro exemplar da franquia se sustentou pela premissa de reunir alguns dos maiores brucutus dos anos 1980/90 na mesma aventura. O segundo adicionou uma pitada de insanidade à mistura, se sustentando por não se levar muito a sério. Já este terceiro exemplar volta à tentativa de seriedade que o original teve, tornando-se, durante boa parte da projeção, entediante.

Isso porque a fita perde muito tempo dos seus 126 minutos tentando contar uma história relevante e tentando desenvolver personagens que, no final das contas, não podem e nem querem ser desenvolvidos. No caso específico da franquia “Os Mercenários”, lidar com os arquétipos dos heróis de ação dos anos 1980 significa não ter de fazer muito esforço para criar figuras interessantes porque, em tese, o público já tem em sua mente quem aqueles caras são.

O que é preciso saber desses heróis já está na memória nostálgica e qualquer coisa além disso arrisca prejudicar o projeto, que é justamente o que acontece aqui. O diretor Patrick Hughes, depois de uma apenas razoável cena de abertura, arrasta a audiência por uma interminável sequência onde apresenta novos personagens, interpretados por aqueles que deveriam representar “a próxima geração de Mercenários”, destruindo qualquer crescendo que o filme poderia ter, pois nada digno de nota acontece durante esses momentos.

São minutos preciosos de projeção basicamente perdidos em um pedido desesperado para que o público dê àqueles novatos a mesma relevância que concede aos heróis que são conhecidos, não há dois filmes, mas desde quando Del Rey era apenas um carro e não uma cantora que faz todo mundo dormir!

De fato, a própria estrutura do roteiro deixa claro que são os soldados experientes que terão de salvar a pele da garotada, algo que, por si só, sabota o texto escrito por Stallone e o casal CreightonRothenberger e KatrinBenedikt (“Invasão à Casa Branca”). O miolo do filme, estrelado pela nova geração, apresenta apenas cenas de ação fraquíssimas, nas quais “ação” é mercadoria rara, embaladas por uma trilha genérica e protagonizadas por “bonecos” pelos quais não ligamos, com apenas Lutz e Rousey ganhando um tempo de tela com maior destaque. Se era para a franquia inovar, inovasse com os veteranos, pois são os recém-chegados Wesley Snipes, Antonio Banderas e Mel Gibson que realmente trazem alguma luz nova à série, e brincando com suas personas já tarimbadas.

Antônio, Banderas rouba todas as cenas em que aparece ao encarnar uma falastrona e divertida mistura de seu personagem em “Assassinos” com o Gato de Botas de “Shrek” e Gibson vive basicamente uma versão vilanesca e presunçosa de seu Martin Riggs, da quadrilogia “Máquina Mortífera”. Apenas Harrison Ford que não tem muito o que fazer em cena, além de pilotar um helicóptero e dizer as falas que seriam de Bruce Willis, caso este não tivesse brigado com Stallone pouco antes das filmagens começarem.

Apenas nos 20 minutos finais que temos um relance dos combates que deveriam ser a marca da franquia e, mesmo assim, não se trata de uma batalha lá muito interessante, ganhando alguns pontos quando Arnold Schwarzenegger referencia um de seus mais conhecidos trabalhos e pronto. Mesmo Jet Li aparece completamente desperdiçado, sem ter a oportunidade de dar um soco sequer em cena, um verdadeiro crime!

Com um elenco de ouro nas mãos, Stallone e o diretor Patrick Hughes perderam a chance de fazer a homenagem ao cinema macho que a franquia “Os Mercenários” se propõe a ser. Uma pena, de fato.

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