POR DR. FLÁVIO CURE PALHEIRO
Como cardiologista muitas vezes sou questionado sobre os motivos que levam a pressão arterial a subir. Como acontece esse fenômeno e suas consequências. A percepção geral é de que se alguém está sob estresse, nervoso, preocupado, há a elevação. Está correto, mas não são apenas esses fatores, outros também complexos estão envolvidos, tais como a idade, os hábitos alimentares e físicos.
A idade, por exemplo, é um fator de risco, pois com o tempo as artérias por onde circula o sangue vão enrijecendo. Menos flexíveis dificultam a passagem do líquido e, desta forma, o sangue que é bombeado pelo coração encontram menos espaço para circular. Com isso a pressão sobe.
Os rins também têm papel expressivo neste equilíbrio do organismo. Quando estão funcionando mal e não regulam a quantidade de líquidos em circulação no corpo, o coração tenta compensar com mais impulso ao sangue e também eleva a pressão.
O coração, claro, é o centro da história. Ele é um músculo que funciona ininterruptamente para garantir a irrigação das células com o oxigênio e nutrientes presentes no sangue. O bater do coração que ouvimos é o movimento de contração e expansão para bombeamento do sangue. É conhecido tecnicamente como sístole, quando o músculo se contrai e diástole, quando se dilata e está cheio de sangue. A força que o sangue exerce sobre os vasos sanguíneos determina a pressão arterial.
Em situação normal o corpo tem que ser capaz de dosar essa pressão e fazer o sangue chegar a cada célula na medida certa. Quando há pressão em excesso as artérias podem resistir e se romperem. É o que ocorre quando há um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico, com sangramento no cérebro.
Algumas situações provocam a elevação esporádica da pressão arterial e não chegam a ser graves se não se tornam rotineiras. A pressão alta contumaz afeta diferentes órgãos. Nos olhos podem romper as artérias que irrigam a retina e levar à cegueira. No cérebro podem provocar o AVC isquêmico (quando há o entupimento de algum vaso) ou o hemorrágico; coração, os rins, os vasos sanguíneos e o cérebro. No coração pode chegar à obstrução arterial ou à formação de coágulos, que impedem a irrigação e leva à morte de tecido e ao infarto. Os rins assim como provocam a hipertensão sofrem com as consequências que podem chegar à insuficiência renal. Na vida sexual, a pressão elevada pode levar à disfunção erétil, em função da chegada insuficiente de sangue no pênis. E nas atividades físicas, a pressão elevada desregula o volume de sangue em circulação no corpo e provoca dores musculares.
A elevação da pressão tem esses fatores, mas eles podem estar presentes também em pessoas que não sofrem com o problema. Na verdade, em cerca de 90% dos casos a causa não é conhecida. Mas os estudos mostram que alguns fatores incrementam seu aparecimento.
Para prevenir, o melhor é evita-los Alguns são a obesidade e o sobrepeso, que sobrecarregam o coração; o tabagismo em função de substâncias que reduzem a elasticidade das paredes das artérias ou a diminuição da espessura dos vasos sanguíneos; o sedentarismo, o estresse, o excesso de sal, o uso de drogas e álcool e a hereditariedade.
Se você se enquadra em qualquer desses casos, procure um médico e previna-se. Alguns sintomas como dores de cabeça, na nuca, no peito, tonturas, visão embaçada, sangramento nasal e inchaço (retenção de líquidos) demandam atenção.
Mesmo que nenhum deles esteja presente, vá ao médico regularmente e faça seu check up.
A prevenção é o melhor remédio
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