POR MARIANA MUNIS
Diariamente, enquanto docente na graduação, me deparo com a formação de diversos jovens, cheios de vida e sonhos, às vezes, dispersos e ansiosos, pertencentes a geração que está desafiando o status quo do mercado de trabalho: a Geração Z (ou Z-lenials ou nativos digitais).
Eles estão cada vez mais “on” no mercado de trabalho e como shoppers (compradores), e nós, das gerações anteriores, devemos nos atentar na maneira com a qual trabalharemos com esses jovens, bem como tornaremos as nossas marcas mercadológicas e empregadoras mais atrativas aos seus olhos.
Apenas para contextualizar, os grupos etários, também conhecidos como gerações, apresentam valores, necessidades e padrões de comportamento semelhantes, formando assim uma subcultura que pode conter importantes segmentos de mercado, afinal, cada grupo etário sofreu grandes influências e foi marcado por fatos históricos, tecnologia, valores, atitudes e predisposições de uma época.
As gerações são divididas da seguinte forma:
Baby Boomers: são pessoas nascidas no período após a Segunda Guerra Mundial, de 1946 a 1963 (algumas literaturas falam que é até 1964).
Geração X: nascidos entre 1964 (algumas literaturas falam que é a partir de 1965) e 1979
Geração Y (Millenials): composta por pessoas nascida entre 1980 e 2000. Alguns autores também alegam que a geração Y nasceu de 1980 e 1995.
Geração Z: nascidos de 1995 até 2010, ou de até 2000 até 2010.
Geração Alpha: nascidos pós 2010, ainda crianças e pré-adolescentes.
Por lidar diariamente com a Geração Z, percebo que eles focam apenas aquilo que realmente lhes interessa: se eles não vêm motivo e importância para fazer algo, eles não vão fazer. Logo, enquanto líderes, nós temos que vender muito bem a nossa ideia para que eles possam executá-la, afinal, se não encontrarem um sentido, não vão realizar a tarefa. Precisam entender o porquê das coisas. Isso também serve para as marcas que trabalham com essa geração: eles necessitam entender qual é o propósito daquela marca, e não adianta inventar qualquer história, pois eles vão descobrir a verdade, afinal, são muito críticos, questionadores e vão atrás da informação (quando esta é de seu interesse). E se uma marca ou alguma coisa não os agrada, eles sabem prontamente dizer não: são muito transparentes e não são tão bons em serem políticos, como a Geração Baby Boomer, por exemplo.
Os jovens dessa geração gostam de viver e mostrar aquilo que de fato eles são. E eles esperam essa mesma atitude transparente das marcas.
Por conta da sobrecarga de informações que recebem hodiernamente, além de focarem no que é de seu interesse, os Z procuram, de maneira corriqueira, momentos de diversão e formas de fazer mais rápido, melhor e de maneira mais divertida uma tarefa, na sua vida social, no local de trabalho ou mesmo nas suas compras. Valorizam experiências incríveis e significativas na sua vida.
Portanto, para se conectarem com a Geração Z, além de engajadas em causas sensíveis, que podem mudar o mundo, as marcas empregadoras e os líderes precisam mostrar que estão preocupados em tornar a vida dos Z mais leve. Experiência de compra também é algo que deve ser levado em conta.
Ademais, os Z-lenials, não querem marcas perfeitas: eles gostam de marcas que sejam verdadeiras e que se mostrem genuinamente “gente como a gente”, trabalhando com causas sociais e ambientais, que debatam pautas importantes, como diversidade, desmatamento e aquecimento global, desigualdade social, racismo e machismo. Marcas que não tenham medo de expor suas vulnerabilidades, as quais quando erram, pedem desculpas legítimas e mostram com atitudes o que estão fazendo para se redimir.
Um exemplo muito interessante de vulnerabilidade foi praticado pela Nubank. A fundadora da fintech, Cristina Junqueira, numa entrevista para o Roda Viva em outubro de 2020, disse que é difícil contratar negro e que não queria “nivelar a vaga por baixo”, já que uma das jornalistas a questionou que havia muitas exigências para contratação na empresa. A fala racista não pegou nada bem, Cristina viu que errou, pediu desculpas e fez um plano de ação, assinando um Compromisso com a Diversidade na fintech, cuja meta é contratar pelo menos 2 mil funcionários negros até 2025, já que construir times fortes e diversos sempre foi um dos pilares da empresa.
Errar, assumir que errou e fazer algo que repare ou minimize o erro: são de marcas assim que os Z gostam de consumir e trabalhar. O famoso conceito de antifrágil: ter vulnerabilidades, reconhecê-las e ter a humildade de assumir os erros e buscar melhorá-los.
Por qual motivo os Z-lenials são assim? Essa geração é muito marcada por mudanças políticas, sociais e tecnológicas que influenciaram e alteraram as suas crenças e formas de viver. Sempre conheceram um mundo instável e estão acostumados à turbulência que os rodeia. Logo, esses jovens encaram o mundo de uma forma mais pragmática e realista do que os seus pais, pois passaram por dificuldades, desde muito cedo.
Além do mais, a geração Z também gosta de viver o “agora” e as suas necessidades têm que ser satisfeitas de imediato. Portanto, cabem às marcas atuarem em múltiplos canais para satisfazerem suas necessidades, além de terem um canal de comunicação rápido e aberto com esses indivíduos, principalmente dentro da empresa: líderes precisam auxiliar os membros da Geração Z a serem menos ansiosos e curtirem mais o caminho que vão percorrer na empresa.
Os Z-lenials são jovens ativos, multifacetados, conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo. É uma geração empreendedora e inovadora, que procura deixar a sua marca pessoal em tudo que faz.
Por se conectarem muito cedo nas redes e se comunicarem com pessoas do mundo inteiro, os Z têm menos dificuldade de trabalhar em equipe e com diversidade do que as gerações anteriores.
Além disso, essa geração está habituada a se comunicar por vídeos e imagens (vide o TikTok), reduzindo o número de palavras utilizadas, onde o segredo é simplificar a forma como se comunica com eles. Como são nativos digitais, a tecnologia já faz parte do seu dia a dia, e expõem um pouco mais da sua vida nas mídias sociais. Marcas que trabalham com a Geração Z: parem de “torcer o nariz” para essa mídia e tentem se inteirar com seu formato e linguagem.
As marcas mercadológicas e empregadoras precisam genuinamente ter um propósito e serem autênticas, sendo sensíveis às causas que abalam o mundo, e fazendo a diferença para tornar este um lugar melhor para se viver. A Gen-Z é cada vez mais preocupada com as questões sociais e ambientais que as empresas abraçam como causa.
E não importa se, no meio do caminho, essa marca errar, afinal, errar é humano, mas ela precisa assumir seus erros e tomar atitudes rápidas que os minimizem ou os contornem.
As marcas não devem ter medo de se expor virtualmente e devem ficar atentas às novas formas de se comunicar prontamente nas mídias sociais (Tik Tok), indo muito além de “dancinhas”, estabelecendo conexões legítimas com os Z-lenials.
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