POR GABRIEL JOSÉ
Estudante de Cinema da UESB
Uma das principais características que uma boa comédia deve conter é a capacidade máxima de não se levar muito a sério. É algo intrínseco ao próprio gênero; é comédia, não drama. Nos tempos atuais, alcançar tal façanha é um feito extremamente penoso, tendo em vista um público/consumidor cada vez mais ávido por tramas simples, mastigadas e politicamente corretas e menos propenso a se entregar sem medo à piada pela piada.
Evidente que o fato de ter na piada um fim em si mesmo, e não um meio para lições de moral estapafúrdias e clichês, tão típicas do “cinemão” americano (e mundial, eu diria. Basta conferir os enlatados brasileiros, por exemplo, que saem a rodo todo ano), não implica necessariamente em humor escrachado e pastelão. Apesar de difícil e cada vez mais raro de encontrarmos, há sim como equilibrar essa característica com um toque de inteligência que nos leve a uma reflexão crítica do mundo em que vivemos e dos valores que norteiam a sociedade. Chaplin nos ensinou muito sobre isso em várias de suas obras-primas, que, de tão numerosas, torna-se inconveniente citá-las.